Lembro-me com saudades, dos natais de minha infância. Não tínhamos preocupações maiores. Os preparativos para o natal eram organizados pela nossa mãe, já nos meses anteriores a dezembro. Ela fazia deliciosos docinhos de natal, decorados com mistura de claras e bolinhas coloridas. Misteriosamente sumiam nossas bonecas algumas “bonecas de louças” a minha já era de plástico, as conhecidas bonecas da Estrela, ganha pelo meu pai em uma festa de igreja , era linda de vestido azul de “tuli.”
Se perguntássemos sobre as nossas bonecas, nossa mãe respondia que elas tinham ido fazer uma viagem, ou estavam hospitalizadas. Em nossa ingenuidade acreditávamos, mesmo que todo ano era a mesma coisa.
Era lindo ver o mês de dezembro chegar. Férias , podíamos brincar em frente da casa das 18hs às 20hs, meninas podiam ficar pulando corda (fúria) jogavam mata soldado, jogo da amarelinha, enquanto que os meninos jogavam bola (futebol), andavam de bicicletas, jogo de trave.
Bastava às mães chamarem os filhos no horário determinado, que todos obedeciam e voltavam felizes para casa, tomávamos banho, dar benção aos pais e ir dormir.
Em geral as famílias possuíam proles numerosas e na época de natal os pais davam a seus filhos um presente simbólico. Lembro-me quando meu irmão ganhou um relógio de pulso na era dos movidos a corda . Em outro natal, minha irmã mais velha recebeu uma pulseira de ouro.
Lembro-me como se fosse hoje, quando recebi o meu presente de natal que ficou na minha memória. Estávamos de mudança para a nova casa. Meus pais construíram a casa em três anos, onde seria o lar da família. Mesmo que todos nos estudávamos no colégio Sagrada Família, conseguiram realizar o sonho deles de construir a casa própria.
Nada estava planejado para a mudança oficial para a nova casa, mas em meados de outubro de 1964, todos os filhos combinaram em fazer nós mesmos a mudança. Cada um começou igual a “formiguinhas”, levamos as coisas menores e as que nosso tamanho permitia. Quando nosso pai chegou do expediente do 23 BI, já estávamos decorando a casa e a árvore de natal natural de uns 2,50 metros de altura. Não houve alternativa, decidiu-se que iríamos passar o natal na casa nova.
Só o fato da mudança já nós deixávamos eufórico. Mas chegou a minha vez de receber o meu “presentão”.
Meus pais conversaram com o meu padrinho Osmar Simas que construía móveis e encomendaram uma replica do estofado (sofá) para minha casa de boneca. Acredito ser o meu melhor natal de infância, pois além da casa nova, do meu estofado também papai Noel veio em novembro com a cegonha e trouxe mais uma irmãzinha.
Meus pais conversaram com o meu padrinho Osmar Simas que construía móveis e encomendaram uma replica do estofado (sofá) para minha casa de boneca. Acredito ser o meu melhor natal de infância, pois além da casa nova, do meu estofado também papai Noel veio em novembro com a cegonha e trouxe mais uma irmãzinha.
Enquanto aguardávamos o Papai Noel chegar, tínhamos que nos comportar, ajudar nas tarefas caseiras, “para que ele pudesse fazer sua avaliação sobre merecer ou não receber o presente de natal”. Recebíamos todos os anos nossas bonecas que voltavam das “viagens” ou do “hospital”, sempre renovadas com roupas bonitas e cabelos penteados, pois as costureiras as deixavam um “brinco” de belas.
Outra lembrança que guardo com carinho, foi aos 13 anos, quando ganhei uma coleção de dicionário de línguas estrangeiras, pois também estava cursando o ginásio e queira saber falar outros idiomas.
Hoje ainda conservo meu 1º presente surpresa que recordo com carinho. Milhas filhas brincaram muito com ele e espero que um dia eu possa ver minhas futuras netas brincarem com meu lindo “joguinho de estofados”. Após 53 anos, ele ganhou "roupa nova" para ir comigo para o "novo Lar". Dia 24/12/2017 - novo lar. Continuando a historia no ano de 2017 no Natal recebemos a notícia maravilhosa que seriamos vovós e no dia 26/08/2018 nasceu nossa princesinha a netinha Isabel e no Natal de 2018 recebeu das mãos da vovó o joguinho de sofá.
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