As uniões e casamentos acontecem desde que o mundo é mundo e
existem relatos bíblicos sobre essas cerimônias e seus rituais, em que a noiva
sempre vestiu algo especial. Mas o casamento como instituição de direito, com
garantias de lei, celebrado diante de testemunhas e na presença de juízes,
nasceu provavelmente na antiga Roma. Já o vestido de noiva como o entendemos
hoje, branco, com véu e grinalda, tem história muito mais recente. A história do
vestido está ligada à própria origem do casamento, que surgiu com o objetivo de
legalizar uma unidade familiar, seja para a legitimação dos filhos e da
herança, o estabelecimento de alianças entre famílias e clãs ou a reunião e
troca de bens e riquezas. Por isso, esqueça a visão romântica. Vale lembrar que
em alguns povos o casamento era um ato mais comercial que de amor. Durante
muito tempo, e por sua importância socioeconômica, foi considerado impróprio
deixar os corações falarem mais alto.
A cerimônia do
noivado também era frequentemente celebrada com uma solenidade comparável à do
casamento e o contrato especificava detalhadamente os deveres e
responsabilidades das partes. Em muitas culturas era firmado não entre os
noivos, mas entre os pais, que respondiam por seus filhos ainda pequenos ou nem
mesmo nascidos. Esse costume perdura ainda hoje entre alguns povos, como
acontece na Índia. Já o vestido de noiva tem uma história bem recente.
De início, as cores eram variadas, contanto que os vestidos fossem suntuosos, luxuosos. Até porque o casamento era visto como um arranjo comercial e o vestido da noiva servia justamente para mostrar à sociedade que as famílias tinham posses. "Os vestidos podiam ser de qualquer cor, inclusive muito se usou vermelho em épocas mais remotas, como na Idade Média (entre 476 d.C. e 1453 d.C.) e em culturas diferentes, como no Japão, Índia e China", conta Míriam Costa Manso, professora do curso de Design de Moda da UFG (Universidade Federal de Goiás). O vestido vermelho simbolizava a capacidade da noiva gerar sangue novo . A discrição nem sempre foi sinônimo de bom gosto na moda, tanto que a noiva romana, por exemplo, podia usar um véu vermelho escuro, quase em tom de vinho, sobre uma túnica amarela cor de açafrão. Na Grécia antiga, as mulheres usavam cores escuras, inclusive estampados.
Já o preto predominou na alta Renascença (século XVI), entrando no período barroco (século XVII). Foi à época em que a Espanha ganhou primazia nos costumes europeus, e a cor mais propícia para se apresentar em uma sociedade extremamente religiosa, inclusive para as noivas, era o preto. Esqueça o bom e velho preto básico, pois as vestimentas eram pesadas e luxuosas.
Sobre a origem
do vestido branco, não há consenso. Registros indicam que a rainha Mary Stuart,
da Escócia, foi pioneira e aderiu ao branco no século XVI. Uma das explicações
para a escolha foi que Mary Stuart fez uma homenagem à família Guise, de sua
mãe, que tinha a cor branca no brasão.
Outro relato é
sobre o casamento da rainha Maria de Médici, da França, no século XVII. Natural
da Itália, Maria usou uma vestimenta branca, com detalhes dourados e com decote
quadrado, causando rebuliço na corte francesa. Diz-se que, apesar de ser de
tradição católica, ela se rebelou contra a estética religiosa que indicava o
uso de cores escuras, geralmente preto, e vestidos fechados até o pescoço.
Michelangelo atribuiu o branco do vestido de Maria de Médici à pureza da moça,
que tinha apenas 14 anos.
Mas o amor
romântico faz com que muitos atribuam a origem do vestido de noiva branco à
rainha Vitória, da Inglaterra, no século XIX. Isso porque ela foi uma das
primeiras nobres a se casar por amor e em um esplendoroso traje, com vestido e
véu brancos e sem coroa, o que também foi inédito.
Por ser uma
rainha, foi ela quem pediu o marido, o príncipe Albert, em casamento. Depois
que o marido morreu, a rainha Vitória só usou preto, por isso se associa a
época vitoriana a essa cor.
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