Dia 12 de setembro é o dia da Pintura ao Ar livre. Comemoração coordenada pelo IPAP, (Pintores Internacionais do Ar Livre ou
International Plein Air Painters), uma Organização internacional que estimula a
prática de pintura ao ar livre em todo o mundo.
A prática da pintura ao
ar livre, que no termo francês recebe a designação de plein air, é
relativamente antiga. Alguns apontamentos são identificados desde meados do
século XVIII, mas é só na metade do século XIX em diante que a prática ganha
força e vários adeptos. Essa popularização nesse período deve-se principalmente
às primeiras confecções dos tubos de tinta à óleo, que já traziam o pigmento
manipulado de fábrica, com várias opções de cores. Isso foi um feito inédito,
pois antes cada artista tinha que moer e manipular o seu próprio pigmento e
confeccionar a sua própria tinta.
A criação do cavalete de campo, pelos
franceses, foi outro importante passo para que o movimento ganhasse ainda mais
força. Portáteis, com pernas telescópicas e compartimentos para alojar tintas e
pincéis, eram ideais para trilhas em campos e montanhas. Também na cidade eram
muito versáteis, podendo ser alojados em qualquer canto da casa, sem que
ocupassem os grandes espaços dos cavaletes tradicionais de ateliê. Deve-se
principalmente aos integrantes da Escola de Barbizon, na França, o gosto por
essa atividade que extrapolava os limites do ateliê, indo buscar as fontes de
inspiração diretamente da natureza. Essa escola naturalista e realista também
apontava em seus esboços a rotina diária dos moradores de áreas rurais. Tais
estudos influenciaram, e muito, um outro grupo que ficaria intimamente ligado à
prática da pintura ao ar livre, os impressionistas. É praticamente impossível
desvincular os impressionistas da pintura em ambiente aberto.
E não ficavam
restritos apenas às paisagens rurais, captavam também as cenas urbanas, com
todo o seu movimento e dinamismo. Outra escola que utilizava bastante do
recurso era a Escola de Newlyn, na Inglaterra, com importantes aquarelistas. Na
prática da pintura ao ar livre o artista tenta capturar uma impressão imediata
daquilo que o olho vê, e não aquilo que ele sabe pelos conceitos que adquiriu
nos estudos em locais fechados. Ali, no ambiente externo, é possível ver como a
luz se alterna em momentos diferentes do dia, e como essa alternância influi
diretamente no resultado de suas observações. A luz, o principal elemento
perseguido nessa prática, é quem dita as normas, quem mostra ao artista as
tantas variações brilhantes e todos os efeitos que ela proporciona. Por isso,
pintar externamente é uma prática completamente especial em relação a todas as
outras, ela desafia os artistas a se concentrarem unicamente naquilo que está a
sua frente. Visão, audição e até mesmo o olfato criam todo o clima que deixarão
o artista em sintonia com aquilo que irá representar em sua obra. John Constable,
um pintor inglês, afirmava que cada artista deve esquecer as fórmulas que
aprendeu e confiar mais em seus sentidos. Entrar em sintonia com a natureza e
deixar que sua obra seja um fruto dessa comunhão. Ele ainda afirmou: “O
paisagista deve andar pelos campos com uma mente humilde. A nenhum homem
arrogante jamais foi permitido ver a Natureza em toda a sua beleza”. Nomes como
dos impressionistas franceses Monet, Pisarro e Renoir, eram defensores
irrestritos da prática do plein air. Conseguiram adeptos em diversas outras
partes do mundo, como os russos Vasily Polenov, Isaac Levitan, Valentin Serov e
Konstantin Korovin, além de nomes importantes como os americanos Guy Rose, John
Singer Sargent, Childe Hassam, William Merrit Chase, Winslow Homer e Edmund
Tarbell. Não esquecer de nome importante como o espanhol Sorolla.
No início do
século XX, a prática da pintura ao ar livre ainda teria muitos adeptos. Porém,
com o grande advento de movimentos modernistas, que utilizavam cada vez mais da
produção de obras em grandes dimensões, geralmente produzidas e elaboradas em
ateliê, a prática do plein air foi perdendo forças até voltar a tomar novo
impulso à partir da década de 1980, principalmente entre os pintores
americanos. Hoje, é uma prática amplamente difundida, com um número de adeptos
que não para de crescer em todas as partes. Certamente continuará a desafiar os
melhores artistas do mundo.
http://joserosarioart.blogspot.com.br/2014/02/pintura-ao-ar-livre.html
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