Dia Nacional da Seresta
- Comemoração criada a partir da cidade brasileira de Diamantina-MG, para
marcar a data do nascimento do médico, militar e político brasileiro, Juscelino
Kubitschek de Oliveira, que veio ao mundo em 12 de setembro de 1902 e que foi o
21º presidente do Brasil, sempre gostando muito desse gênero musical.
O Dia da
Seresta foi criado em Diamantina (MG) para homenagear seu filho mais ilustre, o
ex-presidente Juscelino Kubitschek que nasceu em 12 de setembro de 1902.
Conhecido como admirador das serestas que marcam a tradição musical de
Diamantina, Juscelino foi homenageado por sua terra natal com a criação desta
data, uma festa que relembra seu aniversário com muita cantoria pelas ruas da
cidade. Seresta foi um nome surgido no século XX, no Brasil, para rebatizar a
mais antiga tradição de cantoria popular das cidades: a serenata. Ato de cantar
canções de caráter sentimental a noite, pelas ruas, com parada obrigatória
diante das casas das namoradas, a serenata já apareceria descrita em 1505 em
Portugal por Gil Vicente na farsa Quem tem farelos?.
No Brasil, o costume das
serenatas seria referido pelo viajante francês Le Gentil de la Barbinais, de
passagem por Salvador em 1717, ao contar em seu livro Nouveau voyage autour du
monde que “à noite só se ouviam os tristes acordes das violas”, tocadas por
portugueses (espadas escondidas sob os camisolões) a passear “debaixo dos
balcões de suas amadas” cantando, de instrumento em punho, com “voz
ridiculamente terna”. Mais compreensivo, outro francês, o estudioso de
literatura luso-brasileira Ferdinand Denis, registraria em livro de 1826 que
“gente simples, trabalhadores, percorrem as ruas à noite repetindo modinhas
comoventes, que não se consegue ouvir sem emoção”. Com a transformação dessa
modinha, a partir do Romantismo, em canção sentimental típica das cidades em
todo o Brasil (alguns poetas românticos foram compositores, outros tiveram seus
versos musicados), tal tipo de canto, transformado desde o séc. XVIII quase em
canção de câmara, volta a popularizar-se com a voga das serenatas acompanhadas
por músicos de choro, a base de flauta, víolao e cavaquinho. Influenciadas
pelas valsas, as modinhas têm então realçado seu tom de lamento na voz dos
boêmios e mestiços capadócios cantadores de serenatas, por isso chamados de
serenatistas e serenateiros.Assim, quando no séc. XX a serenata passa por
evolução semântica a seresta (para confundir agora sob esse nome, muitas vezes,
o ato de cantar com o gênero cantado), os cantores com voz apropriada ao
sentimentalismo de serenatas ou serestas transformam-se, finalmente, em
seresteiros.
Conforme nos lembra o flautista brasileiro
Carlos Poyares - na apresentação de seu disco Brasil, Seresta -, no passado,
grupos de músicos, saindo das festas, detinham-se às janelas de suas
pretendidas, para tocar e cantar madrugada a dentro, constituindo um costume
boêmio que nós herdamos, como tantos outros, da Península Ibérica. Passando a
denominar-se seresta, serenata ou sereno, essas primeiras manifestações, no
Brasil, fizeram-se muito antes do lampião de gás, à luz da lua. De fato, a
origem desse costume - de se evocar alguém (especialmente a pessoa amada)
através dos versos - vem de muitos séculos atrás. Conforme o testemunho de
cronistas medievais, na Pesínsula Ibérica (Portugal e Espanha), desde a Idade
Média os trovadores e menestréis já costumavam entoar as famosas Cantigas ou
Cantares, que compõem um vasto repertório lírico e também satírico: as Cantigas
nem sempre tinham tom de romantismo, pois havia as Cantigas de Amigo, de Amor,
destinadas aos amigos ou à amada, mas também as Cantigas de Escárnio e Cantigas
de Mal-dizer, nas quais enviavam-se recados indelicados a desafetos pessoais,
inclinando para o tom humorístico.
As cantigas líricas medievais constituíam
inicialmente atividades palacianas, cantadas para as damas dos castelos e
palácios. Por essa razão, eram encaradas como hábitos aristocráticos, entoadas
ao som de instrumentos denominados guitarras (século XIII) ou vihuela (viola
espanhola - séculos XIV e XV). Aos poucos, entretanto, foram extrapolando os muros
dos palácios e mesclando-se com manifestações populares, entre as novas camadas
sociais urbanas que se formavam. Em Portugal, no início do século XVI, o autor
teatral Gil Vicente compôs peças que mostravam cenas do processo de
popularização, como os autos Quem tem Farelos? e Auto de Inês Pereira. Os
instrumentos também foram se modificando, surgindo uma variante simplificada da
viola, tão difundida popularmente que, por volta de 1650, “D. Francisco Manuel
de Melo já podia acusar a perda de prestígio do instrumento junto às pessoas de
melhor qualificação da cidade, tão baixo descera seu uso na escala social.
(...)
As novidades de uma música produzida pela gente do povo das cidades, para
atender às expectativas do lazer urbano, estava nascendo em Portugal de
Quinhentos. E, tal como mais tarde viria a confirmar-se no Brasil, essa música
popular surgia como criação das camadas mais humildes dos negros e brancos
pobres das cidades, talvez por isso mesmo chamados de patifes”. (Em: História
Social da Música Popular Brasileira, de José R. Tinhorão) http://jucurunet.blogspot.com.br/2014/09/dia-nacional-da-seresta.html
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