O Dia Mundial de Oração pela Paz foi criado pelo Papa João Paulo II, quando se
reuniu em 1986, em Assis, com líderes de
várias religiões para um encontro de diálogo sobre a paz. Transcorria o Ano
Internacional da Paz, celebrado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e
João Paulo II queria destacar a dimensão espiritual da paz e refletir, com os
representantes das religiões, sobre a responsabilidade comum de orientar as
crenças religiosas pessoais e comunitárias para a construção efetiva da paz; o
papa lamentava que, infelizmente, a religião era instrumentalizada com
frequência para gerar violência e alimentar conflitos.
Sem cair no sincretismo,
nem relativizando as crenças de cada religião, o papa João Paulo II quis
mostrar que era possível as religiões conviverem em paz e serem instrumentos de
edificação da concórdia nas comunidades e entre os povos. Em 2011, ao celebrar
25 anos desse Espírito de Assis, o papa Bento XVI, falando sobre o tema,
convidou os líderes de religiões a prosseguirem nos esforços comuns pela paz.
Desde o primeiro encontro, em 1986, muitas iniciativas de reconciliação e de
paz já ocorreram. No entanto, também houve muitas ocasiões perdidas e
retrocessos! Velhos conflitos, ocultos como brasa debaixo da cinza, explodiram
novamente em terríveis atos de violência e pareceram sufocar a possibilidade da
paz. No dia 7 de setembro, quando convocou o mundo inteiro a rezar pela paz,
especialmente pelo conflito devastador na Síria, o Papa Francisco pediu: “É
possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de
morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz?
Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Salus Populi romani, Rainha
da paz, quero responder: Sim, é possível para todos! Esta noite queria que de
todos os cantos da terra gritássemos: Sim, é possível para todos! E mais ainda,
queria que cada um de nós, desde o menor até o maior, inclusive aqueles que
estão chamados a governar as nações, respondesse: – Sim queremos! A minha fé
cristã me leva a olhar para a Cruz. Como eu queria que, por um momento, todos
os homens e mulheres de boa vontade olhassem para a Cruz! Na cruz podemos ver a
resposta de Deus: ali à violência não se respondeu com violência, à morte não
se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das
armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz.
Queria pedir ao Senhor, nesta noite, que nós cristãos e os irmãos de outras
religiões, todos os homens e mulheres de boa vontade gritassem com força: a
violência e a guerra nunca são o caminho da paz!
Que cada um olhe dentro da
própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que
atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu
coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à
reconciliação: olha a dor do teu irmão – penso nas crianças: somente nelas…
olha a dor do teu irmão, e não acrescentes mais dor, segura a tua mão,
reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro!
Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é
sempre uma derrota para a humanidade. Ressoem mais uma vez as palavras de Paulo
VI: «Nunca mais uns contra os outros, não mais, nunca mais… Nunca mais a
guerra, nunca mais a guerra! (Discurso às Nações Unidas, 4 de outubro de 1965:
ASS 57 [1965], 881).
«A paz se afirma somente com a paz; e a paz não separada
dos deveres da justiça, mas alimentada pelo próprio sacrifício, pela clemência,
pela misericórdia, pela caridade» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1976:
ASS 67 [1975], 671). Segundo o Dicionário Franciscano, dois textos evangélicos,
com sentido original provavelmente idêntico, parecem permitir duas visões
diferentes de paz. Eles se fundem em Francisco em uma única e idêntica
experiência de paz. A paz interior da bem-aventurança e a paz proclamada de
maneira plena e a todos dirigida constituem uma única e mesma realidade. A
coerência reside no fato que Francisco não é um pacificador no sentido próprio
do termo. Não cabe a ele a obrigação de negociar acordos, equilibrar concessões
ou receber juramentos. Por mais nobre que seja esta missão, não é sua
incumbência. A ele compete criar condições espirituais que permitam a cada um
optar por si mesmo em favor da paz e da concórdia.
O Evangelho que alimenta
esta meditação espiritual permite também defrontar-se com os acontecimentos. Francisco
sabe muito bem que a paz pode partir do coração de seus frades rumo ao coração
de cada homem. O Poverello lhes confere uma missão de paz, quando, à imitação
de Cristo, os envia dois a dois a pregar (1Cel 29). Os frades têm um desígnio
de paz para o mundo (1Cel 24) e este
empreendimento abre as portas para o Reino dos céus. A saudação da paz
dos frades repousa na experiência da bem-aventurança dos pacíficos. Ponto
fundamental é que, sem dúvida, esta paz predomina sobre tudo. http://www.franciscanos.org.br/?p=26981
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