O Dia Nacional Contra a Violência à Mulher é comemorado
no dia 10 de outubro. A forma como a sociedade enxerga e reage a homens e
mulheres sempre foi diferente. Porém, diferente do que muitos pensam, essa não
é uma diferença ?natural?: ela é, e sempre foi, construída de acordo com expectativas
sociais impostas. Desde sempre acredita-se que a mulher e tudo relacionado a
ela pertence ao homem e à sociedade (e não à ela mesma) e, por mais que isso
esteja mudando pouco a pouco, desde a conquista do voto feminino no Brasil, os
resquícios dessa cultura que apaga a vontade da mulher em benefício do homem
ainda são muito fortes. Em consequência disso, tem-se um número enorme de casos
de violência contra a mulher no país, sendo a doméstica a mais recorrente. O
Brasil é um país no qual 3 em 5 mulheres já sofreram algum tipo de violência
dentro de relacionamentos (Instituto Avon/2014) e onde 56% dos homens já
declararam ter cometido algum tipo de violência contra mulheres, dentre
empurrões, xingamentos, socos, tapas, etc.. (Data Popular/Instituto Avon -
2013). Por conta destes dados assustadores, foi criado o Dia Nacional Contra a
Violência à Mulher, celebrado no dia 10 de outubro.
A origem da data e sua importância
Foi escolhido o dia 10 de outubro para celebrar esta
data porque foi em 10 de outubro de 1980 que um movimento de mulheres se reuniu
nas escadarias do Teatro Municipal, em São Paulo, para iniciar um protesto
contra o aumento de crimes de gênero no Brasil (hoje conhecidos como
feminicídio, quando uma mulher é morta apenas por ser mulher). O Dia Nacional
Contra a Violência à Mulher é importante para que se deixe em pauta sempre como
a mulher ainda é alvo constante de violência (seja de ordem sexual, verbal ou
física) de forma incessante no Brasil. Este dia serve para que se possa conscientizar
a população acerca destes números assustadores de agressões, bem como para
buscar novas políticas que ajudem a acabar com a violência contra a mulher.
Lei Maria da Penha
Podendo ser considerada uma das leis mais importantes
no país, sancionada em 2006, a Lei Maria da Penha é um dos principais
mecanismos coibidores de violência doméstica e familiar sofrida por mulheres
(em 2013, dos mais de 4.000 feminicídios registrados, metade foi cometido por
familiares e 30% por parceiros ou ex-parceiros destas mulheres). Contraditoriamente,
ainda que mais de 98% da população diga que conhece essa lei e que 70% acredite
que que a mulher sofra mais violência dentro de casa e em espaços públicos
(Instituto Patrícia Galvão/Data Popular - 2013), os números de mulheres
violentadas de alguma forma não parecem cair (48% das mulheres diz que a
violência que sofreu foi dentro de casa).
A segurança na rua e na própria residência
O dia 10 de outubro se torna cada vez mais importante
no combate à violência contra a mulher porque, muitas mulheres podem, através
dele, descobrirem-se vítimas e fazerem a denúncia. No Brasil, elas podem ser
feitas através do 180, número que também fornece informações acerca de
procedimentos e como se comportar em situações de violência. Por mais que a
violência contra a mulher na rua seja constante (com as ?cantadas?,
perseguições, estupros e investidas indesejadas, por exemplo) é a violência
doméstica a mais preocupante. Mas por que isso acontece? Como foi dito no
começo, os resquícios de uma sociedade na qual a mulher era apenas uma serviçal
do homem e que bater nela era normal ainda são fortes no Brasil. Muitos homens,
sejam eles pais, irmãos, tios e parceiros, ainda acreditam que têm o direito
sobre o corpo e a mente femininos, o que não é verdade.
Quando eles veem que
não é mais assim que funciona, tornam-se violentos para retomar seu ?lugar de
direito? como o dono da mulher. É preciso lutar com medidas como a Lei Maria da
Penha e campanhas de conscientização durante e fora do período do dia 10 de
outubro para que mais mulheres se reconheçam se estiverem dentro de um
relacionamento abusivo e se sintam seguras para realizar uma denúncia. Colocar
?A persistência da Violência contra a Mulher? num tema de redação como o Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM) fez no ano passado mostra que mais e mais
medidas estão sendo tomadas para se enxergue a vulnerabilidade que significa
ser mulher no Brasil (e também no mundo) e se consiga combater a violência
contra a mulher. Você não está sozinha. Denuncie ligando para o 180. Dia 10 de
outubro - todos juntos contra a violência à mulher.
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