O artesanato confunde-se
com a história do homem, pois a necessidade de se produzir bens de utilidade e
de uso rotineiro e até mesmo adornos, expressou a capacidade criativa como
forma de trabalho. Há registros de que no ano 6 mil a.C. os primeiros artesãos
surgiram no momento em que transformaram elementos da natureza em objetos de
uso, através do polimento de pedras, da fabricação da cerâmica e do trançado de
fibras animais e vegetais.
Nas cidades medievais as corporações de artesãos
estabeleciam regras para o ingresso na profissão e tinha controle de
quantidade, qualidade e de preços dos produtos. A corporação também protegia
seus associados proibindo a entrada de mercadorias similares às produzidas na
cidade e, também, amparavam seus trabalhadores em caso de velhice, doença ou
invalidez.
Na América os índios produziam objetos para o uso cotidiano
utilizando a cestaria, a cerâmica, a arte plumária e a pintura, com pigmentos
naturais. Com o advento dos europeus e dos negros ao Brasil, surgiram novas
necessidades, conhecimentos e técnicas de produção.
A combinação desses fatores
gerou o artesanato genuinamente brasileiro. No Brasil colônia os artesãos eram
responsáveis pela produção de bens que atendiam as necessidades das
aglomerações humanas que emergiam em todo o território brasileiro. Os artesãos
eram reconhecidos pela sociedade e estavam presentes economicamente em quase
todas as comunidades. O crescimento industrial delineou outra realidade para o
artesanato brasileiro, na medida em que supria o mercado com produtos mais
baratos e em larga escala. As oficinas artesanais foram deixando de produzir
bens necessários tanto para o cotidiano doméstico, como para o trabalho no
campo e nas pequenas cidades.
Nesse novo contexto, os artigos artesanais
passaram a ter forte apelo cultural, atendendo uma nova necessidade humana:
preservar as suas memórias culturais, mantendo vivos o patrimônio imaterial
brasileiro e a sua história. Os artesãos foram os guardiões de grande parte dos
conhecimentos relativos aos processos de produção tradicionais empregados em
todo o país. Por isso, hoje esses produtos atendem novos nichos de mercado,
onde a identidade passa a ser um valor a ser conquistado, num mundo onde a
padronização e a globalização ameaçam a individualidade e a diversidade cultural.
As primeiras iniciativas do governo brasileiro em transformar o artesanato de
subsistência em atividade profissional remontam à década de 50, quando foi
divulgado o primeiro estudo quantitativo de artesãos no nordeste brasileiro.
Na
década seguinte nos estados do Ceará e Bahia foram identificados os maiores
índices de artesãos com capacidades produtivas, cuja comercialização
ultrapassava os limites locais da produção. Nessa ocasião, a mulher artesã
revelou-se como principal produtora do ramo, contribuindo assim para a
suplementação da renda familiar.
Com a criação do PNDA, na década de 70,
surgiram diretrizes promotoras do setor. Nos anos 80 percebeu-se a necessidade
da valorização dos aspectos culturais, e da formação dos artesãos em
organizações cooperativas. Foram estruturados programas de qualificação do
artesão e de melhoria da comercialização do produto artesanal, assim como a
elaboração e divulgação de um calendário de eventos do setor. O Programa do
Artesanato Brasileiro foi criado nos anos 90, no âmbito do Ministério da Ação
Social. Em 1995, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
assumiu a gestão do PAB. Atualmente compõe a estrutura organizacional do
Ministério, sob a coordenação do Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas,
da Secretaria do Desenvolvimento da Produção.
Em consonância com as diretrizes
do segmento das Micro, Pequenas e Médias Empresas, o PAB está desenvolvendo
ações que contribuem para o desenvolvimento e o aproveitamento das vocações
regionais, a geração de trabalho e renda, e o apoio ao artesão.
O artesanato
tem em si a gênese dos sistemas produtivos atuais, possuindo os requisitos
básicos para a promoção do desenvolvimento sustentável, de forma a garantir
condições dignas de vida em qualquer ponto do território brasileiro, tendo o
artesão como principal agente.
http://qdiaehoje.blogspot.com.br/2009/02/19marco.html
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