Os habitantes das
Américas foram chamados de "índios" pelos colonizadores europeus,
pois acreditaram ter chegado às Índias. Mesmo depois de descobrirem que não
estavam na Ásia, mas em um continente até então desconhecido, os europeus
continuaram a chamá-los assim, ignorando, propositadamente, as diferenças
linguístico-culturais. Era mais fácil tornar todos os nativos iguais, tratá-los
de forma homogênea, já que o objetivo era domina-los política e economicamente.
Os habitantes do continente americano descendem de populações advindas da Ásia.
Os vestígios mais antigos de sua presença na América, obtidos por meio de
estudos arqueológicos, datam de 11 a 12 mil anos. Todavia, ainda não se chegou
a um consenso acerca do período em que teria chegado a primeira leva
migratória. Os povos indígenas que hoje vivem na América do Sul são originários
de povos caçadores que aqui se instalaram, vindos da América do Norte através
do istmo do Panamá e que ocuparam, virtualmente, toda a extensão do continente
há milhares de anos. A partir de então, essas populações desenvolveram
diferentes modos de uso e manejo dos recursos naturais e formas de organização
social, distintas entre si. Embora não haja números precisos sobre a população
existente na época da chegada dos europeus, sabe-se, por estimativas, que
dezenas de milhares de índios morreram em consequência do contato direto e
indireto com os brancos e com as doenças por estes trazidas. O atual estado de
preservação das culturas e línguas indígenas é consequência direta da história
do contato das diferentes sociedades indígenas com os europeus que dominaram o
continente americano. As populações indígenas são vistas pela sociedade ora de
forma preconceituosa, ora de forma idealizada.
O preconceito parte daqueles que
convivem diretamente com os índios, ou seja, daqueles que constituem as
populações rurais. A forma idealizada vem da população urbana, que vive
distanciada das áreas indígenas. Assim, os índios são considerados a partir de
um conjunto de imagens e crenças disseminadas pelo senso comum: eles são os
donos da terra, são seus primeiros habitantes e sabem conviver com a natureza
sem depredá-la. São também vistos como parte do passado, como estando em
processo de desaparecimento, mas há dados que confirmam o crescimento da
população nas últimas três décadas, não só biologicamente, mas também do ponto
de vista das tradições culturais. As relações das comunidades indígenas e de
suas lideranças com o mundo dos brancos se tornou muito mais frequente. Os
índios passaram a compreender muito melhor como vivem os brancos e suas leis.
Eles também criaram organizações e passaram a estar presentes em reuniões e
eventos nacionais e internacionais para defender seus direitos. Hoje, muitas
comunidades indígenas vêem televisão, ouvem rádio e acompanham o mundo que gira
fora de suas aldeias. Muitos índios ocupam cargos importantes como funcionários
das entidades governamentais. Talvez se possa afirmar que as mudanças ocorridas
nas relações entre índios e brancos nestes últimos trinta anos foram mais
profundas do que as dos 472 anos anteriores.
http://sattotal.blogspot.com.br/2012/05/dia-das-racas-indigenas-da-america-18.html
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