A
origem da atividade de busca e salvamento na Força Aérea Brasileira remonta aos
tempos da criação do ministério da aeronáutica, na década de 1940, sendo
efetivamente estruturada nos anos 50. Desde então, incontáveis missões foram
realizadas e inúmeras vidas foram salvas. Uma missão, no entanto, marcou para
sempre a história do SAR no Brasil: as buscas ao C-47 FAB 2068. Sua triste saga teve início no dia 15 de
junho de 1967, quando o destacamento de Cachimbo, ao sul do Pará, recebeu
informes de que um ataque indígena era iminente e poderia tomar o campo.
Reforços urgentes foram pedidos à primeira zona aérea. O 2068, ainda que a
meteorologia desaconselhasse o voo naquela noite, após decolar de Belém e
pousar em Jacareacanga para reabastecimento, seguiu rumo ao seu destino.
Entretanto, ao não encontrar o campo, mesmo tentando várias vezes o avistamento
e com uma sequência dramática de mensagens, às 4 horas e 52 minutos da
madrugada silenciou-se na imensidão da floresta amazônica. Após 7 horas e 55
minutos, os possantes motores do C-47 começaram a falhar. Todos a bordo sabiam
que aquilo poderia acontecer a qualquer momento: o combustível estava se
esgotando. Voando muito próximo ao topo da floresta, a aeronave começou a
perder altura e a curvar-se lentamente. Em seguida, houve um leve roçar dos
galhos na fuselagem, seguido do toque brusco sobre as grandes árvores e, por
último, da inevitável colisão das asas contra os troncos maiores. Rapidamente a
aeronave guinou e mergulhou na floresta.
Teve início, então, a maior operação
de busca e salvamento da história da aviação brasileira e, no dia 26 de junho de
1967, após serem voadas cerca de 1.100 horas por diversas aeronaves, o Albatroz
6539 decolou para aquela que seria a derradeira e marcante missão. Investigando
uma revoada de urubus, intencionalmente espantados com um tiro de pistola
disparado pelo 2º Sgt. Botelho, sobrevivente do FAB 2068, o Albatroz avistou os
destroços nas proximidades do município de Tefé e logo fez ecoar, vibrantemente,
pela frequência do rádio de comunicação: “Achamos o 2068!” A euforia pelo
sucesso da missão contagiou todos que estavam engajados naquela difícil tarefa.
No entanto, assim que o SH-1D FAB 8530 lançou por rapel a equipe de resgate no
local do sinistro, a alegria se confundiu com a dor de um cenário desolador.
Das vinte e cinco pessoas a bordo, apenas cinco conseguiram sobreviver até
aquele momento.
Em meio às grandes dificuldades do acidente, destacou-se a
abnegação do Cabo Barros que, com o corpo totalmente queimado, abastecia os
sobreviventes com água, sem lamentar-se de absolutamente nada. Às vésperas da
chegada do socorro, o Cb Barros, depois de cumprir mais uma vez o ritual de
saciar a sede dos companheiros, deitou-se silenciosamente ao chão. O derradeiro
suspiro do Cb Barros totalizou em vinte a quantidade de mortos. No momento do
socorro, o Ten Esp CTA Luiz Velly conseguiu traduzir em uma única frase todo o
sentimento que expressa a certeza do resgate e que passou a permear a vocação e
o espírito SAR daquele momento em diante: “eu sabia que vocês viriam!”
A tragédia
do FAB 2068 escrevia, então, a história da maior operação de busca e salvamento
da aviação brasileira até então. Participaram dessa missão trinta e três
aeronaves. Foram voadas mil e cinquenta e três horas e cinquenta minutos. Coube ao Presidente da República, Arthur da
Costa e Silva, dimensionar a tragédia e a vitória da aviação de busca e
salvamento da Força Aérea Brasileira com as seguintes palavras: “o resgate dos
sobreviventes do avião 2068 transcende a história e a atmosfera da força aérea
brasileira, impregnada do espírito heroico de nossa juventude, para sugerir-nos
um símbolo de bravura, da energia e da perseverança de todo povo brasileiro, no
desbravamento da selva amazônica e na afirmação cada vez mais vigorosa, de
nossa soberania, em uma das mais vastas e fabulosas regiões da terra. é um
episódio que nos enche de emoção, como seres humanos, e de orgulho, como
habitantes deste país”.
Passados 49 anos deste episódio, a busca e salvamento
continua mostrando-se imprescindível. As missões humanitárias proporcionam a
alegria do reencontro a tantas vítimas de catástrofes naturais no Brasil e no
exterior, auxiliando irmãos compatriotas e de nações amigas em suas
dificuldades. Dessa forma, homens e mulheres da busca e salvamento, um novo e
ainda mais promissor horizonte se aproxima! Para tanto, é imprescindível que:
A
convicção do Ten Velly, expressa na frase: “eu sabia que vocês viriam!”
continue viva nos corações e nas mentes de todos que, diuturnamente, labutam na
nobre missão de salvar vidas!
Se
olhe para o futuro confiando, a exemplo do memorável 26 de junho de 1967, que
novos cenários estão sendo descortinados na incessante labuta pela excelência
de nossas atividades.
Se
honre nossos antecessores, pois, brava e heroicamente, conduziram a bandeira do
SAR, não importando o destino, mas sim a constante força interior. O tempo, que
avança ligeiro, traduzirá sempre a premência do compromisso que…
“por uma vida é preciso lutar!” “lutar!” “para que outros possam viver”!
Fonte: FAB. FAB. Edição
feita por Eduardo Alexandre Beni com o texto elaborando em comemoração ao DIA
DA AVIAÇÃO DE BUSCA E SALVAMENTO. Palavras do então Comandante de COMGAR, Ten
Brigadeiro Ar Nivaldo Luiz Rossato e do Ten Brigadeiro Ar, Gerson Nogueira
Machado de Oliveirs, atual Comandante-Geral de Operações Aéreas.
http://www.pilotopolicial.com.br/dia-da-aviacao-de-busca-e-salvamento-conheca-a-historia/
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