24/07/2017

* 2017 - Dia internacional das análises de solo e planta

Dia 24 de julho em comemoração ao dia internacional das análises de solo e planta, o artigo abaixo foi escrito para esclarecer e melhor orientar os fruticultores sobre o potencial e os benefícios dessa ferramenta imprescindível para a produção sustentável de frutas no Brasil. A maior parte de nosso País é constituída por solos tropicais, os quais são pobres do ponto de vista da fertilidade. Isso se deve, especialmente, ao processo de desgaste a que os mesmos foram submetidos durante o período de formação. Essa é uma das principais razões para que se faça calagem e adubação das áreas agrícolas. Os fertilizantes mais empregados nas lavouras contêm nitrogênio, fósforo e potássio, conhecidos popularmente como NPK. Esses três elementos químicos são chamados de macronutrientes, devido as grandes quantidades em que são normalmente empregados na agricultura. Entretanto, não apenas esses três, mas também, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco são essenciais para que qualquer vegetal complete seu ciclo de vida e produza satisfatoriamente.

A agricultura moderna, produtiva, incluída aí a fruticultura, não pode prescindir dos fertilizantes. A pesquisa científica e a prática agrícola estão repletas de exemplos da necessidade de se empregar adubos para produzir alimentos, vestir e fornecer energia para a população do mundo. Observa-se, freqüentemente, que as produções dobram ou triplicam quando as necessidades nutricionais das plantas são atendidas. Além dos fertilizantes, também o calcário é importante para melhorar a produtividade das culturas. Os solos brasileiros têm, em geral, reação ácida e, por isso, devem ser calcariados para diminuir os efeitos prejudiciais da acidez do solo. Assim, antes de pensar em adubar é preciso neutralizar essa acidez. Pode-se dizer que, de modo geral, quando há necessidade, a calagem e a adubação são os investimentos que maior retorno econômico proporcionam ao produtor rural, mesmo quando se compara à outras práticas agrícolas como a irrigação, o controle de pragas e doenças e a aplicação de herbicidas. Mesmo assim, apesar de compensar do ponto de vista econômico aplicar calcário e fertilizante, estas práticas não suficiente e adequadamente utilizadas pelos produtores.
Outro aspecto que precisa ser considerado é que um país, com as dimensões do Brasil tem características de clima e solo muito variadas, o que implica em tratamento diferenciado dos pomares instalados em cada diferente local. É importante ressaltar, ainda, que solos diferentes têm carências diferentes em nutrientes, bem como as plantas, que por sua vez, têm exigências nutricionais completamente diferentes umas das outras. Assim, a única maneira segura de identificar qual adubo utilizar para suprir a deficiência em nutrientes da área é através da análise de solo. Qualquer recomendação de adubo sem a análise de solo é, no mínimo, insegura, podendo acarretar desequilíbrios entre os nutrientes no solo e causar prejuízos ao agricultor. Entretanto, o uso dessa ferramenta agronômica barata, segura e precisa é menos freqüente, em todo o país, do que seria desejável. A falta de consciência sobre esse aspecto é causa freqüente de despesas desnecessárias por parte do fruticultor, que adquire um fertilizante que o solo ou a planta não precisam.
Outra ferramenta importante para o produtor rural é a análise foliar. Especialmente no caso de culturas perenes, como frutíferas, é um método preciso de diagnosticar, juntamente com a análise de solo, as necessidades dos pomares acompanhando os efeitos da calagem e da aplicação de fertilizantes. É importante ressaltar que as fruteiras permanecem explorando praticamente o mesmo volume de solo por vários anos. Nessa situação podem ocorrer impedimentos químicos (acidez) ou físicos (compactação do solo) que diminuem a eficiência dos fertilizantes. Assim, a única maneira de saber se a planta está aproveitando o nutriente aplicado é fazer um diagnóstico da planta, através da análise foliar.
Com relação à análise de solo, é preciso seguir alguns passos simples, mas, imprescindíveis, para que a mesma seja representativa da área a ser avaliada. Desse modo, a amostragem bem feita é fundamental para ter sucesso. Na implantação dos pomares o procedimento é o mesmo usado para as culturas anuais, ou seja, amostrar toda área de forma representativa. Nos pomares em produção é importante amostrar a região da projeção da copa das plantas, que é a área que normalmente recebe os fertilizantes. Deve-se coletar vinte pontos em cada talhão homogêneo (mesma cultivar, idade, produtividade, tipo de solo, manejo e adubação). A amostra deve ser encaminhada ao laboratório, onde será submetida a processo analítico (extração) que permite a determinação das concentrações de nutrientes e também da acidez. A partir da entrada no laboratório, o solo será seco, peneirado e submetido às análises de rotina (pH, matéria orgânica, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e acidez potencial). Além dessas, outras determinações são possíveis, como enxofre, alumínio e micronutrientes (boro, cobre, ferro, manganês e zinco).
Com a análise de solo feita, o passo seguinte é saber quanto de nutriente aplicar, e isso vai depender da cultura que será explorada na área. A adubação na verdade procura corrigir a diferença que existe entre o que a planta precisa e o que o solo pode fornecer, estando incluídas nesse cálculo as perdas normais que ocorrem durante a lavoura devido à água da chuva, erosão e etc. O resultado da análise de solo deve, então, ser comparado com as tabelas de adubação (baseadas em pesquisa), que indicarão as quantidades de nutrientes que deverão ser aplicadas em cada caso.
Apenas para exemplificar, faremos o cálculo de adubação para um pomar de goiabeiras adulto, cuja análise de solo revelou concentrações de fósforo e potássio no solo de 5 mg dm-3 e 1,6 mmolc dm-3, respectivamente. Supondo que a produtividade da área está próxima de 50 t há-1 e, que o teor foliar de nitrogênio é de 24 g kg-1, a recomendação seria aplicar 4 kg por planta da fórmula 20-5-10. Conforme mencionado anteriormente, para pomares de frutíferas, a análise foliar é uma ferramenta importante. No exemplo acima, da goiabeira, fizemos a suposição de que o teor de nitrogênio nas folhas era de 24 g kg-1, sendo, pois, fundamental para a recomendação de adubação. Entretanto, para diagnosticar esse teor de nutriente (e dos outros também) é necessário realizar a análise foliar e, a amostragem das folhas é a etapa mais importante. Para cada cultura existe uma forma correta de amostragem para realizar a análise. No caso da goiabeira, deve-se coletar o terceiro par de folhas, a partir da extremidade do ramo, em número de 25 pares por talhão homogêneo, à época de pleno florescimento da cultura. Essas folhas devem ser encaminhadas imediatamente ao laboratório, onde serão lavadas, secas, moídas e submetidas à digestão, que consiste em liberar os nutrientes das folhas para sua determinação em equipamento específico. Nesse procedimento podem ser determinados os macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e, ainda é possível analisar os micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn). Os resultados, a exemplo da análise de solo, são utilizados conjuntamente para realizar a recomendação de fertilizantes.
É importante ressaltar, também, que o envio das amostras (solo e folhas), deve ser feito à um laboratório credenciado e que participe dos programas de controle de qualidade das amostras. Isso garante a idoneidade do laboratório, bem como a confiabilidade dos resultados emitidos. Em resumo, pode-se dizer que, quando utilizadas de modo correto, a análise de solo e de folhas permite recomendações de calagem e adubação que melhoram a produtividade, a qualidade dos produtos colhidos e garantem excelente retorno econômico.
http://www.seagri.ba.gov.br/noticias/2007/07/19/24-de-julho-dia-internacional-das-an%C3%A1lises-de-solo-e-planta

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