16/01/2017

* 2017 - Dia dos Cortadores de Cana-de-açúcar

O corte da cana se dá em um retângulo, com 8,5 metros de largura, equivalente a 5 “ruas” (linhas em que é plantada a cana) e um comprimento que varia conforme a produtividade do trabalhador. Este retângulo é chamado eito; a distância medida ao final do dia indica o ganho diário do trabalhador. Os metros lineares de cana, multiplicados pelo valor da cana pesada na usina, dão o valor da diária a receber. Estima-se que 6 toneladas de cana (considerando uma cana de primeiro corte, de crescimento ereto) correspondem a um comprimento de 200 metros. O trabalhador, além de cortar a cana contida neste retângulo de, deve cortar também as pontas e transportar.
No Centro-Sul o utensílio de trabalho do cortador de cana é o podão, espécie de machete de ponta chata, pesando cerca de meio quilo, que o próprio trabalhador mantém afiado como uma navalha, graças à lima que leva para o eito. A vestimenta precisa cobri-lo por inteiro, apesar do calor, numa armadura para escapar das folhas de cana que cortam como facas. Inclui botina com biqueira de aço, perneiras de couro até o joelho, calças de brim, camisa de manga comprida com mangote de brim, luvas de raspa de couro, lenço no rosto e pescoço e chapéu ou boné. Hoje, pode incluir óculos protetores. No princípio de cada jornada, o supervisor da turma designa o eito do cortador e este inicia o trabalho: começa a cotar pela linha central, sem deixar linhas sem cortar (“deixar telefone”). Em sua rotina de trabalho, o cortador abraça um feixe, de cinco e dez canas, curva-se e corta.
Os cortes são bem rente ao chão (uma vantagem do corte manual sobre a colheitadeira), pois é no pé da cana que se concentra a sacarose; mas não podem atingir a raiz para não prejudicar a rebrota. Se a cana estiver “deitada” ou “acamada”, exigirá mais cortes. A seguir, o trabalhador corta o “palmito” – a parte de cima das canas, onde estão as folhas verdes, que são jogadas ao solo. Por fim, transporta o feixe para a linha do meio (3ª linha) que dista 3 metros das extremidades do eito. Depois começa tudo de novo. Um bom cortador de cana é como um corredor fundista: não depende tanto da massa muscular, mas da resistência, em uma atividade repetitiva e exaustiva, a céu aberto, sob o sol, às vezes aguentando fuligem, poeira e fumaça, por um período que varia entre 8 a 12 horas. O dispêndio de energia do trabalhador, sob o sol, com esta vestimenta, leva a suar abundantemente, perder muita água (em média, 8 litros/dia) e sais minerais. Isso produz desidratação e cãibras frequentes.
As cãibras começam em geral nas mãos e pés, avançam pelas pernas e chegam no tórax, o que provoca fortes dores e convulsões, dando a impressão de que um ataque epilético. Para conter as cãibras e desidratação, algumas usinas ministram aos trabalhadores soro fisiológico, e até suplementos energéticos.
http://www.amambainoticias.com.br/geral/16-de-janeiro-dia-do-cortador-de-cana-de-acucar

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