Você se exercita? Com qual
frequência? Faz exames regularmente para saber se a sua saúde está boa ou se
índices e taxas, como nível de gordura no sangue, estão dentro dos patamares
aceitáveis? Essas preocupações, infelizmente, não fazem parte do cotidiano de
milhões de brasileiros, que ainda não se movem, literalmente, em busca de uma
vida mais saudável.
Rio de Janeiro - Cariocas e
turistas lotam praias da zona sul no último fim de semana de primavera. (Tomaz
Silva/Agência Brasil) OMC recomenda atividades físicas para combater o
sedentarismo (Arquivo/Agência Brasil). Para alertar pessoas, organizações e governos
sobre esse problema, hoje (10) é comemorado o Dia Mundial de Combate ao
Sedentarismo. A data foi criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para
colocar em pauta a importância de práticas saudáveis, como atividades físicas e
alimentação adequada. O sedentarismo
está associado a doenças crônicas como o infarto, a hipertensão e a diabetes.
Ele tem como resultado direto o aumento do sobrepeso e da obesidade, hoje
problemas crescentes no país. Segundo o último levantamento, por telefone, do
Ministério da Saúde, o Vigitel, realizado em 2016, a obesidade era uma condição
para 18,9% da população, quase 10 pontos percentuais acima do índice registrado
dez anos antes (11%). O sobrepeso atingia 53,8% dos entrevistados. No mesmo
período, de 2006 a 2016, o diagnóstico de diabetes passou de 5,5% para 8,9% e o
de hipertensão foi de 22,5% para 25,7%.
Alto índice
O levantamento do Ministério da
Saúde também revelou que 62% dos entrevistados não praticavam esportes. Apenas
37,6% das pessoas estavam envolvidas com alguma modalidade. Entre esses, a
ocorrência era maior em homens (46,6%) do que em mulheres (29,9%). O
sedentarismo também aparecia mais entre os mais jovens: em moças e rapazes de
18 a 24 anos o índice subia para 52,2%, enquanto entre aqueles com 65 anos ou
mais ele caía para 22,3%. Quando consideradas outras formas de atividade física
(como durante o deslocamento para o trabalho ou a outros locais), o índice de
pessoas realizando essas práticas subia, chegando a 55%. Ainda nesse caso, a
diferença de idade seguia sendo um fator determinante, com a taxa ficando em
65,7% na faixa de 18 a 24 anos e em 28,8% na de pessoas com mais 65 anos ou
mais. Outro levantamento, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em maio de 2017, tomando como base a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, chegou a índices semelhantes. O estudo
também investigou os motivos da recusa em praticar esportes. Entre os mais
jovens entrevistados a maioria alegou falta de interesse, enquanto entre os
mais velhos a justificativa mais comum foi o pouco tempo disponível.
O presidente do Conselho Federal
de Educação Física (Confef), Jorge Steinhilber, acredita que apesar do Brasil
propiciar condições para a prática de esportes durante todo o ano (não tendo
impedimento por conta de neve, por exemplo), não há uma cultura entre a
população de envolvimento com atividades físicas. Uma das razões para isso, de
acordo com ele, é o fato de não haver uma valorização da educação física no
período escolar. “Sem isso, você deixa de alfabetizar a criança em termos de
movimento, de cultura de atividade física e de levar a ela a importância do
significado da atividade física para o futuro. Acaba sendo um círculo vicioso
nosso. Se desde a criança eu não levo isso, vai ter muito mais dificuldade no
futuro da pessoa entender a prática da atividade física”, disse. O presidente
do Confef destaca como uma das iniciativas para qualificar a educação física na
rede de ensino a aprovação do Projeto de Lei 3047/2015, que obriga a presença
de professores formados em educação física nessa disciplina. A matéria foi
aprovada pelo Senado e ainda tramita em comissões na Câmara dos Deputados.
Benefícios
De acordo com a médica e
integrante do conselho federal da categoria (CFM) Rosylane Rocha, a prática de
atividade física traz diversos benefícios à saúde; favorece a normalização dos
níveis de colesterol, triglicerídeos e glicemia; previne doenças
cardiovasculares e mitiga a evolução da osteoporose. Além disso, também libera
endorfinas e faz com que o indivíduo se sinta com mais energia para as
atividades diárias e de trabalho, bem como melhora a qualidade do sono e o
próprio humor. Mas para quem está sedentário e quer começar a praticar alguma
atividade física, a conselheira orienta a procurar assistência especializada.
“Quem quer começar deve procurar um médico para ver o padrão cardiorespiratório
e depois um profissional de educação física que possa orientar as atividades de
acordo com as condições físicas, se tem questão cardíaca, problema de
articulação ou alguma limitação”, recomenda. A médica lembra também que um
cuidado fundamental é realizar a atividade com regularidade. “Há quem queira
fazer atividade muito desgastante sem regularidade. Isso pode causar lesão em
vez de trazer benefício”, alerta.
Edição: Fernando Fraga
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-03/dia-mundial-de-combate-ao-sedentarismo-alerta-para-importancia-de-exercicios
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