As atividades iniciaram-se às 13h45min com o pesquisador Fabiano Duarte Pereira dos Santos, mestrando em Sociologia Política pela UFSC. O objetivo de sua pesquisa foi o de investigar os significados que pessoas com deficiência incluídas no mercado de trabalho atribuem a lei de cotas para pessoas com deficiência. Além disso, solicitou que os participantes relatassem um pouco de suas histórias de vida Ele ressaltou que os dados da pesquisa serão utilizados em sua dissertação e que os dados pessoas dos participantes serão preservados. O primeiro participante destacou que após adquirir uma lesão medular passou por um processo de reabilitação e voltou a trabalhar. No início, o local de trabalho não quis seu retorno, sugerindo a ele que se aposentasse por invalidez. Todavia, como ele insistiu acabou conseguindo ser relocado de seu trabalho (para realizar uma função de expediente interno), foi promovido em sua função e acabou aposentando-se por tempo de serviço. Disse que o trabalho foi muito importante para parar de pensar na deficiência e nas perdas e reconstruir sua identidade. Outro participante destacou que já foi convidado a voltar a trabalhar. Todavia acabou não aceitando nenhuma proposta com medo de perder o benefício previdenciário por invalidez, questão que foi reiterada por outros participantes que também recebem esse benefício do INSS e que não querem correr o risco de perdê-lo, pois tem medo de, caso não dê certo no trabalho, ficarem sem o benefício. Uma das participantes relatou sobre os processos de discriminação que ela sofre no ambiente de trabalho, sendo constantemente humilhada pelo chefe que não considera sua deficiência e a obriga exercer atividades que sua condição física não permite. Outro rapaz destacou que devido ao acidente que sofreu de moto e amputação de um dos seus membros não poderá mais exercer que exercia antes e que o INSS quer encaminhá-lo para a reabilitação, mas que avalia isso de maneira negativa, pois não tem nem mesmo o ensino fundamental completo e terá dificuldade de obter um emprego em que possa desenvolver atividades mais leves. No que se refere a lei de cotas nas empresas, todos os associados avaliam essa lei positivamente, embora destacam que as empresas cumprem o seu papel e que o problema é que as pessoas com deficiência não estão capacitadas para assumir as vagas, o que mostra um processo de culpabilização individual por uma questão que é psicossocial (é muito difícil para as pessoas com deficiência estudarem devido a falta de acessibilidade, pois muitas delas moram em locais muito distantes, íngremes, sem ônibus adaptados e com muitas escadas).
Texto: Marivete Gesser - Psicologa da ABLUDEF
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