02/07/2010

* 2010 – PALESTRA NA E. B. M. Henrique Alfarth


Numa bela manhã de quarta feira no dia 20 de junho, o casal Dalva e Adalberto Day, foram a convite da professora Luzia Campestrini, proferir uma palestra sobre " O Vale do Garcia". A escola está situada na rua Rui Barbosa, 1616 Progresso - Blumenau – SC, distante do centro da cidade de Blumenau 12 km. O educandário tem como data de fundação 1977, iniciou com apenas 147 alunos. O colégio recebeu o nome de E. B. M. Henrique Alfarth, em homenagem ao senhor Henrique Alfarth. No dia da apresentação a professora Kátia Regina Flores Koehler e auxiliar de direção, professora Lucia Teresinha Martins, foram aclamadas para mais 2 anos de comando como diretora da escola, houve eleição e a chapa da qual figuravam foi contemplada e sendo anunciada durante a palestra deixando os alunos felizes com o resultado.


O ex-professor e atualmente pesquisador da história de Blumenau Adalberto Day proferiu uma palestra contribuindo para o aprendizados dos alunos da 7ª série. O tema “ O vale do Garcia”, foi muito oportuno, pois todos os alunos juntamente com as professoras Neuseli Loos Bernardes e Luzia Campestrini ,da disciplina de português com trabalho intitulado "Memórias", tiveram mais clareza das suas pesquisas sobre o bairro em que moram, iniciando de uma simples ruela até ser considerada uma das principais rua do bairro. Os alunos fizeram pesquisas e entrevistas junto aos parentes, vizinhos idosos, e estes contribuíram com uma rica história do bairro. Trouxeram fotos antigas contando a história de famílias cujos sobrenomes comprovam suas contribuições para o crescimento do bairro, famílias Dias, Deschamps , Alfarth e outros.
O casal palestrante contribuiu com os aprendizados dos alunos através de imagens de 1860 até os dias atuais, enfocamos todo o Grande Garcia. Os alunos iniciaram o encontro , apresentando em forma de poesia e músicas como Acorda Maria Bonita (comp: Antônio dos Santos); Carinhoso (comp: Pixinguinha/João de Barro); A valsa da despedida (versão de Braguinha/João de Barro), finalizando com a música Ciranda cirandinha (folclore), um belíssimo trabalho de resgate da "Memória" do bairro e região, através de dados copilados durante suas pesquisas junto aos familiares e vizinhos idosos.

Os slides que foram apresentados mostraram de forma clara e simples toda a mudança vivenciada pelos habitantes que vieram de locais distantes a procura de terras para plantar e construir um lar para suas famílias.
O Vale do Garcia
A cidade de Blumenau tem como data oficial de fundação 1850, mas já habitavam a região, pessoas vindas de Camboriú em 1846. Existe registro que em 1830 um inglês com um escravo, esteve procurando ouro na localidade chamada “Nova Rússia” ou Russulana na qual logo foi abandonada pela pouca produção.Quando aqui chegaram encontram os verdadeiros habitantes do bairro, que viviam nas imediações do lugar conhecido como Jordão, os indígenas, conhecidos como bugres, carijós, Xokleng, Guaranis e outros, que habitavam a região de Blumenau há pelo menos 8000 anos. Quando Dr. Blumenau adquiriu concessão das terras junto a D.Pedro II, as famílias conhecidas como gente do Garcia e os indígenas tiveram que se retirar.De posse da documentação de concessão, Dr. Blumenau teve seu objetivo alcançado, e iniciou o processo de colonização e de latifundiário. Oficialmente, a história nos relata que em 28 de agosto de 1852 (essa era a data considerada de fundação até 1899), o fundador da colônia Blumenau, distribuía os primeiros lotes aos colonos. Era nesse contexto que se iniciava a colonização do Garcia, passando a receber os primeiros contingentes de imigrantes alemães. O objetivo geral desta colonização era a agricultura.A região era constituída topograficamente, por um vale verdejante e pobre para a agricultura, por ser montanhosa. As primeiras atividades produtivas foram extraídas da agricultura, engenhos e moinhos manuais. Mais tarde foram introduzidas as serrarias, olarias, atafonas e outras atividades artesanais. Em 1860, com a chegada do imigrante Johann Heinrich Grevsmuhl, o vale do Garcia tomava novo impulso. Não satisfeito com os trabalhos agrícolas, passara a explorar a madeira da região, constituindo uma serraria, e com o represamento do Ribeirão Garcia, pode instalar uma atafona movida a força da roda d' água, que ficava próximo as duas empresas Garcia e Artex. Os compensadores progressos do empreendimento levaram-no a associar-se com dois vizinhos, que conheciam a técnica da tecelagem, para a organização de uma fábrica. Nascia naquela região, a semente da indústria têxtil por volta de 1868, solidificando-se mais tarde com o nome de Empresa Industrial Garcia. Dentro desta visão, o constante processo de desenvolvimento econômico, e conseqüentemente populacional, começam a abranger o Garcia. A industrialização abria espaços para novos empregos e muitos imigrantes vindos de outras cidades buscam o "ELDORADO" de uma vida melhor.

A primeira indústria que se instalou no bairro, foi a ex-Empresa Industrial Garcia em 1868, fundada por Johann Heinrich Grevsmuhl, August Sandner, Johann Gauche, associaram-se a um tecelão, conhecido como Lipmann (já possuía teares desde 1865) que ajudou a montar alguns teares e deram impulso na primeira indústria têxtil de Blumenau. Esses considerados fundadores, foram os antecessores, de Gustav Roeder. Em 1883 Roeder juntamente com sua esposa, ( Já em 1882 Roeder foi um dos fundadores da Karsten) compra a antiga Tecelagem de Grevsmuhl dando um grande impulso no desenvolvimento da empresa , a mais antiga de Blumenau, em 1896 Roeder sofria um grande golpe com o falecimento da esposa.Em 15 de fevereiro 1974, a E.I.Garcia, incorporou-se a Fábrica de Artefatos Têxteis - Artex. A incorporação teve cunho político através do governo federal, que investia nas duas empresas, a Artex dirigida pela família Zadrozny e a Garcia controlada por dirigentes do estado do Paraná, grupo Hauer, que controlava a empresa que pertencia a um grupo canadense. A Artex foi fundada em 23 de maio de 1936 - por Theophilo B. Zadrozny e Otto Huber, que compraram as terras da viúva de Johann Henrich Gresvsmuhl. Otto Huber (austríaco) fundador da Artex, trabalhou 30 anos na E.I.Garcia, e convidado por Theophilo B. Zadrozny (nascido em Brusque) foi para a Artex. Também estiveram juntos na fundação Max Rudolf Wuensch e Albert Hiemisch, que igualmente atuavam na Empresa Industrial Garcia. O Distrito do Garcia foi criado pela Lei Complementar Municipal nº 251, de 17 de dezembro de 1999 e regulamentada pela Lei complementar nº 344 de 21 de dezembro de 2001. Sendo seu primeiro secretário Distrital – o Sr. Braz Roncáglio e o segundo secretário o sr. Deusdith de Souza Jr., nomeados pelo Prefeito Décio Néry de Lima em 02 de maio de 2002. A sede do Distrito localiza-se na Rua Progresso nº 167.

- O Bairro Garcia : O Bairro Garcia que recebeu este nome em homenagem às famílias vindas do Rio Garcia, de Camboriú, recebeu esta denominação oficial através da lei nº 717, de 28 de abril de 1956, pelo Prefeito Frederico Guilherme Busch Jr. . O nome de Rua Amazonas foi colocado devido que na época era comum utilizar nomes de Estados, antes era conhecida com o nome de terras Die Kolonie. "A colônia”. A Rua Amazonas recebeu esta denominação através da Lei nº 124 de 16 de abril de 1919 .
- O Bairro Vila Formosa : O Bairro Vila Formosa foi criado em através da lei nº 717 de 28 de abril de 1956, na administração do Prefeito Guilherme Frederico Busch.Jr. O caminho paralelo à margem esquerda do ribeirão Garcia já constava no mapa da colônia Blumenau de 1864, existindo também a demarcação de alguns lotes coloniais. Este caminho atualmente é conhecido por Rua Hermann Huscher. Esta denominação foi dada em homenagem a um grande proprietário de terras no Bairro Vila Formosa, que inaugurou um curtume no dia 7 de janeiro de 1898.
- O bairro Valparaiso : O bairro Valparaiso deve-se o nome ao Loteamento conjunto Valparaiso dado em homenagem a uma cidade chilena. Também conhecido como Zendron
- O Bairro Glória: O bairro Glória foi oficialmente criado através da lei nº 03, de 04 de fevereiro de 1938, Pelo prefeito José Ferreira da Silva, o bairro foi oficializado pelo Prefeito Frederico Guilherme Busch Jr. Através da lei nº 717, de 28 de abril de 1956. . O nome Glória foi colocado em homenagem a um antigo clube musical Glória, antes era conhecido com o nome de Spectiefe (palavra de origem alemã que quer dizer caminho lamacento ou gorduroso, lama vermelha). Os moradores mais antigos fizeram o relato que as pessoas conhecidas como gente do Garcia, moravam no início da Rua da Glória. Depois da chegada dos alemães, logo em seguida vieram tijucanos e Italianos.
- O Bairro Progresso : O Bairro foi oficializado pelo Prefeito Frederico Guilherme Busch Jr. Através da lei nº 717, de 28 de abril de 1956. O nome Progresso originou-se após as implantações das empresas; Industrial Garcia e Artex – os moradores “diziam que o Progresso estava chegando” referindo-se as industrias. A Rua Progresso tem essa denominação desde 28 de agosto de 1952 – Decreto Lei nº 364. conforme artigo 2º. Antes era conhecido como Alto Garcia. e distrito do Jordão. E quem morava onde hoje é a Rua Rui Barbosa dizia que morava no Kroba “Kroebergerbach ” (bach ribeirão) devido a primeira família a morar na região Sr. Heinrich Krohberger, que possuía uma grande propriedade.

O morro chamado de Spitzkopf palavra de origem alemã que quer dizer (cabeça de ponta ou grande),que atinge a altitude de 936m (oficialmente 920m), e é o maior divisor de águas da região, sendo este escalado pela primeira vez em 1872, por Friedrich Deeke e alguns companheiros (.¨ Os Lineamentos das montanhas e vales levantados em circuito do alto do Morro Spitzkopf contra o lado Leste, Nordeste, e parte Norte das terras na Colônia Blumenau. Feunt - abreviação de Feder Unterzechnet ( assinado com caneta de pena) FREDERICO DEEKE anno 1872). Portanto já em 1872 Frederico Deeke esteve no cimo do Spitzkopf, de onde desenhou aquele croquis. . Depois nos dias 19,20 de julho de 1892, Chistian Imroth, Fritz Alfarth, Hermann Gauche Sênior e Otto Wehmuth, (segundo alguns moradores teriam sido os pioneiros). Naquela época o corte de árvores e a caça, eram acontecimentos naturais e habituais. Como Ferdinando Schadrack era empresário, montou uma serraria e começou a explorar como atividade econômica àquela região. De 1907 até 1932 exportou uma grande quantidade de madeira para a Europa. Com seu falecimento seu filho Udo, já com uma visão mais futurista, encerrou as atividades da serraria e passou a combater os caçadores, e a preservar a flora e fauna da região, preparando o local para ponto turístico já no inicio da década de 30 do século passado.Em 1907 Ferdinando Schadrack (adquiriu da prefeitura o morro Spitzkopf para exploração de madeira inicialmente - faleceu em 1932), seu filho Udo Schadrack ampliou a área para 5 milhões de metros quadrados. Muitos cientistas de renome Internacional e alunos de diversas Universidades fizeram pesquisas, principalmente, nas áreas de botânica e zoologia.Posteriormente foi construída a cabana, sendo que mais de 90% da área pertence ao município de Blumenau, e o restante ao município de Indaial, o pico do morro é que faz a divisa dos municípios.Na madrugada do dia 5 de junho de 1995 aconteceu um incêndio, próximo ao cume, durando aproximadamente 120 horas, onde se estima que foram destruídos 50.000 metros quadrados de matas nativas e muitas espécies de animais. Mais de 200 pessoas trabalharam na intenção de debelar as chamas. A situação só começou a melhorar a partir do dia 8 quando começou a chover. A origem do incêndio é creditada a visitantes com a falta de cuidados com fogueiras e teriam até soltado fogos de artifícios.Também durante muitos anos até abril 1998, a Artex, possuía um dos maiores parques ecológicos de Santa Catarina, quando então foi "doado" para a FURB e FAEMA, hoje com o nome de Parque Natural Municipal das Nascentes do Garcia é o maior municipal do Brasil- conhecido popularmente por Parque das Nascentes o controle não só ambiental como manancial e conservação de grande quantidade de água para servir o parque fabril. Todo esse manancial, fornece água tratada através dos órgãos competentes a SAMAE, a toda região do Grande Garcia e até próximo ao Centro.
Arquivo de Dalva/ Adalberto Day

Um comentário:

Adalberto Day disse...

No dia 30 de junho de 2010, eu e minha esposa Dalva a convite da professora Luzia Campestrini, estivemos proferindo uma palestra sobre " O Vale do Garcia".
A história por nós mostrada através de data-show, teve como abrangência desde a foz do Ribeirão Garcia, a nascente. Já é a terceira vez que visitamos o educandário. Através de imagens de 1860 até os dias atuais, enfocamos todo o Grande Garcia
Com muito orgulho aceitei o convite e fomos recebidos com muita cordialidade por todos, em especial professora Neuzeli, Luzia, Angela, Lucia, e a diretora Kátia, por surpresa filha de um amigo nosso o Ary Fernando Flores, mais conhecido como Curuca.
Antes da Palestra assistimos alunos resgatando a história do Bairro com o tema "Memória", mostrando desde a ruela até onde hoje se encontram cidades e construções. Depois podemos apreciar e deliciar um exclente café que nos foi ofertado. Neste dia a Professora Neuzeli estava de aniversário, e nos comentou sobre sua satisfação da palestra por nós proferida, dizendo "esse foi o melhor presente que recebi". Ficamos muito orgulhosos do carinho e dessa declaração. Quero aqui também externar meus agradecimentos a minha esposa Dalva que nos acompanha nos trabalhos, e dizer que sema ajuda dela não poderia realizar e proferir a palestra.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da História

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