O
dia 7 de novembro é considerado ‘Dia da Ação Católica’. Então abaixo tem um
texto do Pe. José Artulio Besen veiculado no ‘Missão Jovem’ sobre a história da
ação pastoral da Igreja no Brasil. A Igreja se Renova. No dia 15 de novembro de
1889, Deodoro da Fonseca proclamou a República. Foi um ato dos militares
positivistas, com ligação quase nula com o povo, que não contestava o regime
monárquico e amava o velho Imperador. No ano seguinte, em 7 de janeiro, foi
extinto o Padroado e, em 1891, decretou-se a separação entre a Igreja e o
Estado, com a liberdade de culto, a secularização dos cemitérios, a laicização
do ensino nas escolas públicas, a negação dos direitos políticos aos religiosos
e a introdução do casamento civil.
Foi um susto para os bispos que não estavam
prevenidos para assumir o governo da Igreja. A separação obrigou o episcopado a
refazer as estruturas eclesiásticas, desafio assumido positivamente. Pena que a
República não aproveitou o momento oportuno para fazer também a reforma no
sistema latifundiário brasileiro, cujos senhores eram monarquistas. Em vez
disso, preocupou-se com a estéril discussão racista de que a causa do atraso
brasileiro era ter uma população índia, negra e mestiça, e que só a importação
de brancos deslancharia o progresso. Essa mentalidade racista persiste ainda no
inconsciente coletivo brasileiro. Os bispos mais unidos com o Papa. Adquirindo
as Igrejas mais liberdade para agir, o Papa Leão XIII convocou, em 1899, em
Roma, um encontro do episcopado latino-americano. Era a primeira vez que isso
acontecia. Com 400 anos de atraso, o que se queria era introduzir o Concílio de
Trento (1545-1563) na vida eclesiástica americana.
Antes, o direito do Padroado
o impedira. Os bispos retornaram para suas dioceses com uma nova legislação
canônica, de espírito fortemente romano e apologético. Eles deviam enfrentar
com coragem o socialismo, o espiritismo, o protestantismo e a “ignorância
religiosa”, palavra para designar a religiosidade popular: Uma Igreja na
trincheira, fortalecendo-se na luta contra o “inimigo”. Traçaram-se normas
concretas para a formação sacerdotal e exigiu-se que cada diocese tivesse seu
seminário. Fomentou-se uma Igreja voltada para a ação religiosa, eliminando-se
a ação política. A renovação da vida católica. A proteção do Estado oprimira o
episcopado, tirando dele a responsabilidade direta pela vida da Igreja.
A
separação foi positiva, e a estrutura eclesiástica reorganizada: em 1939 o
Brasil contava com 17 arquidioceses e 56 dioceses (de 1500 a 1889, apenas 11 e
uma arquidiocese). Multiplicaram-se os encontros episcopais, os sínodos e
concílios regionais. A preocupação jurídica prejudicou uma visão pastoral da
realidade brasileira: muitas prescrições eram elaboradas na Europa.
Multiplicaram-se os seminários, onde cuidodu-se com a formação intelectual e
religiosa dos seminaristas. Infelizmente estes foram preparados mais para preservar
a fé pelos sacramentos do que para a evangelização e a catequese. Surgiu assim
um clero piedoso e avesso à política. As escolas paroquiais e a catequese
semanal ajudaram a formar uma nova geração católica. A reforma litúrgica do
Papa Pio X, recomendando a Comunhão para as crianças, foi muito importante para
a atividade catequética. A participação dos leigos. De pouco adiantaria a ação
episcopal, se não oferecesse aos leigos os meios de participação na vida
eclesial.
Novos movimentos e espiritualidades tornaram possível o surgimento de
um laicato adulto. Inicialmente, o impulso dado às Congregações Marianas e ao
Apostolado da Oração fez despertar o culto eucarístico e mariano. A partir da
década de 30, chegou a Ação Católica: os leigos, sob orientação dos bispos,
levam a influência cristã para seus locais de vida e trabalho. Frutos da Ação
Católica foram a Juventude Universitária Católica (JUC), Operária (JOC),
Agrária (JAC) e Estudantil (JEC). Através do método Ver-Julgar-Agir, buscaram
caminhos para a transformação cristã da sociedade brasileira. A Ação Católica
levou até as últimas conseqüências seu compromisso cristão e engajou-se no
movimento político, levando diversos de seus militantes à ação revolucionária.
Com isso tornou-se independente da hierarquia que discordava desta postura, e
ingressaram na luta armada contra o regime militar de 1964.
Ao mesmo tempo,
promoveu-se um grande trabalho de renovação litúrgica, bíblica e catequética. É
a pastoral buscando se atualizar e responder aos desafios apresentados pelo
mundo. Após o Concílio Vaticano II, a ação católica deu espaço aos movimentos e
pastorais, como a Pastoral da Juventude, que se mantém firme na evangelização
até hoje. Está disponível na Internet um estudo da USP muito interessante sobre
como a juventude atuava junto à Ação Católica pelas causas sociais. Baixe aqui
o arquivo.
https://pejoteirossantos.wordpress.com/2011/11/07/hoje-e-o-dia-da-acao-catolica/
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