A
agricultura moderna, produtiva, incluída aí a fruticultura, não pode prescindir
dos fertilizantes. A pesquisa científica e a prática agrícola estão repletas de
exemplos da necessidade de se empregar adubos para produzir alimentos, vestir e
fornecer energia para a população do mundo. Observa-se, freqüentemente, que as
produções dobram ou triplicam quando as necessidades nutricionais das plantas
são atendidas. Além dos fertilizantes, também o calcário é importante para
melhorar a produtividade das culturas. Os solos brasileiros têm, em geral,
reação ácida e, por isso, devem ser calcariados para diminuir os efeitos
prejudiciais da acidez do solo. Assim, antes de pensar em adubar é preciso
neutralizar essa acidez. Pode-se dizer que, de modo geral, quando há
necessidade, a calagem e a adubação são os investimentos que maior retorno
econômico proporcionam ao produtor rural, mesmo quando se compara à outras
práticas agrícolas como a irrigação, o controle de pragas e doenças e a
aplicação de herbicidas. Mesmo assim, apesar de compensar do ponto de vista
econômico aplicar calcário e fertilizante, estas práticas não suficiente e
adequadamente utilizadas pelos produtores.
Outro
aspecto que precisa ser considerado é que um país, com as dimensões do Brasil
tem características de clima e solo muito variadas, o que implica em tratamento
diferenciado dos pomares instalados em cada diferente local. É importante
ressaltar, ainda, que solos diferentes têm carências diferentes em nutrientes,
bem como as plantas, que por sua vez, têm exigências nutricionais completamente
diferentes umas das outras. Assim, a única maneira segura de identificar qual
adubo utilizar para suprir a deficiência em nutrientes da área é através da
análise de solo. Qualquer recomendação de adubo sem a análise de solo é, no
mínimo, insegura, podendo acarretar desequilíbrios entre os nutrientes no solo
e causar prejuízos ao agricultor. Entretanto, o uso dessa ferramenta agronômica
barata, segura e precisa é menos freqüente, em todo o país, do que seria
desejável. A falta de consciência sobre esse aspecto é causa freqüente de
despesas desnecessárias por parte do fruticultor, que adquire um fertilizante
que o solo ou a planta não precisam.
Outra
ferramenta importante para o produtor rural é a análise foliar. Especialmente
no caso de culturas perenes, como frutíferas, é um método preciso de
diagnosticar, juntamente com a análise de solo, as necessidades dos pomares
acompanhando os efeitos da calagem e da aplicação de fertilizantes. É
importante ressaltar que as fruteiras permanecem explorando praticamente o
mesmo volume de solo por vários anos. Nessa situação podem ocorrer impedimentos
químicos (acidez) ou físicos (compactação do solo) que diminuem a eficiência
dos fertilizantes. Assim, a única maneira de saber se a planta está
aproveitando o nutriente aplicado é fazer um diagnóstico da planta, através da
análise foliar.
Com
relação à análise de solo, é preciso seguir alguns passos simples, mas,
imprescindíveis, para que a mesma seja representativa da área a ser avaliada.
Desse modo, a amostragem bem feita é fundamental para ter sucesso. Na
implantação dos pomares o procedimento é o mesmo usado para as culturas anuais,
ou seja, amostrar toda área de forma representativa. Nos pomares em produção é
importante amostrar a região da projeção da copa das plantas, que é a área que
normalmente recebe os fertilizantes. Deve-se coletar vinte pontos em cada
talhão homogêneo (mesma cultivar, idade, produtividade, tipo de solo, manejo e
adubação). A amostra deve ser encaminhada ao laboratório, onde será submetida a
processo analítico (extração) que permite a determinação das concentrações de
nutrientes e também da acidez. A partir da entrada no laboratório, o solo será
seco, peneirado e submetido às análises de rotina (pH, matéria orgânica,
fósforo, potássio, cálcio, magnésio e acidez potencial). Além dessas, outras
determinações são possíveis, como enxofre, alumínio e micronutrientes (boro,
cobre, ferro, manganês e zinco).
Com
a análise de solo feita, o passo seguinte é saber quanto de nutriente aplicar,
e isso vai depender da cultura que será explorada na área. A adubação na
verdade procura corrigir a diferença que existe entre o que a planta precisa e
o que o solo pode fornecer, estando incluídas nesse cálculo as perdas normais
que ocorrem durante a lavoura devido à água da chuva, erosão e etc. O resultado
da análise de solo deve, então, ser comparado com as tabelas de adubação
(baseadas em pesquisa), que indicarão as quantidades de nutrientes que deverão
ser aplicadas em cada caso.
Apenas
para exemplificar, faremos o cálculo de adubação para um pomar de goiabeiras
adulto, cuja análise de solo revelou concentrações de fósforo e potássio no
solo de 5 mg dm-3 e 1,6 mmolc dm-3, respectivamente. Supondo que a
produtividade da área está próxima de 50 t há-1 e, que o teor foliar de
nitrogênio é de 24 g kg-1, a recomendação seria aplicar 4 kg por planta da
fórmula 20-5-10. Conforme mencionado anteriormente, para pomares de frutíferas,
a análise foliar é uma ferramenta importante. No exemplo acima, da goiabeira,
fizemos a suposição de que o teor de nitrogênio nas folhas era de 24 g kg-1,
sendo, pois, fundamental para a recomendação de adubação. Entretanto, para diagnosticar
esse teor de nutriente (e dos outros também) é necessário realizar a análise
foliar e, a amostragem das folhas é a etapa mais importante. Para cada cultura
existe uma forma correta de amostragem para realizar a análise. No caso da
goiabeira, deve-se coletar o terceiro par de folhas, a partir da extremidade do
ramo, em número de 25 pares por talhão homogêneo, à época de pleno
florescimento da cultura. Essas folhas devem ser encaminhadas imediatamente ao
laboratório, onde serão lavadas, secas, moídas e submetidas à digestão, que
consiste em liberar os nutrientes das folhas para sua determinação em
equipamento específico. Nesse procedimento podem ser determinados os
macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e, ainda é possível analisar os
micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn). Os resultados, a exemplo da análise de
solo, são utilizados conjuntamente para realizar a recomendação de
fertilizantes.
É importante ressaltar,
também, que o envio das amostras (solo e folhas), deve ser feito à um
laboratório credenciado e que participe dos programas de controle de qualidade
das amostras. Isso garante a idoneidade do laboratório, bem como a
confiabilidade dos resultados emitidos. Em resumo, pode-se dizer que, quando
utilizadas de modo correto, a análise de solo e de folhas permite recomendações
de calagem e adubação que melhoram a produtividade, a qualidade dos produtos
colhidos e garantem excelente retorno econômico.
http://www.seagri.ba.gov.br/noticias/2007/07/19/24-de-julho-dia-internacional-das-an%C3%A1lises-de-solo-e-planta
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