11/10/2016

* 2016 - Dia de Sair do Armário

Celebrado pela primeira vez nos Estados Unidos há 25 anos, 11 de outubro é conhecido como sendo o “Dia de Sair do Armário”. A data, comemorada nesta terça-feira (11), faz alusão à expressão popular que define o momento no qual se assume a homossexualidade. O ato de “sair do armário”, porém, é algo que depende do ambiente familiar no qual a pessoa está inserida e de uma sociedade que ainda tem características “patriarcais”. É o que vê a publicitária Anna Castanha, fundadora de uma agência especializada em consultoria de marketing para o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais). E segundo ela, essa resistência fecha os olhos de empresários para o potencial deste mercado no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), o universo LGBT movimenta R$ 150 bilhões por ano. Além disso, uma pesquisa da “Out of Now Global”, também especializada neste universo, mostra que mais de 80% destes consumidores estão inseridos nas classes A e B. “Como a maioria dos casais homossexuais não tem filhos, há duas rendas, grandes, unidas em uma mesma casa. Então, sobra dinheiro para investir em artigos de luxo, cultura, boa alimentação e viagens. Os ramos gastronômicos e de turismo são fortes”, conta Anna. A publicitária destaca, também, o poderio de consumo do universo LGBT observado na Parada Gay de São Paulo. Na edição de 2012, por exemplo, foram movimentados R$ 188 milhões. Os gastos dizem respeito à hospedagem, alimentação, transporte, lazer e compras. “Cada turista gasta, em média, US$ 140 (R$ 308) na semana da Parada. Só nas roupas, especificamente para a data, chegam a gastar até R$ 2.500. Isso mostra que esse público quer se divertir em alto estilo”.

Os números, no entanto, ainda não são suficientes para convencer as empresas a dirigir serviços ao público LGBT. A influência da “sociedade patriarcal”, na visão de Anna, além do receio de perder pontos com a clientela atual. “A maior parte das empresas pensa assim: se fizer uma comunicação voltada para o público homossexual, o que os clientes heterossexuais vão pensar? Não estarei denegrindo a imagem (da empresa)? Não vai virar uma bagunça? Então, na verdade, por carregarem preconceito, acabam tendo uma visão míope e deturpada, deixando de investir em um segmento promissor. Deixam pesar a visão pessoal, ao invés da empreendedora”, critica. O cenário já foi pior, afirma. “Cada vez mais se observa uma maior tolerância. As pessoas de mais idade vêm de uma educação diferente, apegada a certos padrões e regras, mas os jovens lidam de forma mais natural com a homossexualidade. A mídia tem colaborado, por meio de novelas e filmes”, analisa a publicitária, embora reconheça o peso que ainda é exercido pela sociedade na decisão de sair ou não do “armário”.
Um tipo de pressão que, para Anna, só atrapalha. E é aí que entra a importância da data comemorada nesta sexta-feira. “Quando você sai do armário, sem ter de esperar que o outro o aceite, você não se esconde mais. Passa a ter orgulho de quem você é. Vira uma pessoa livre. Quando você não se esconde, mostra que é uma pessoa normal, que não tem uma "doença". A data (“Dia de Sair do Armário”) traz esse encorajamento para que outros também se assumam. A comunidade LGBT é muito unida”, conclui.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails