Ten Cel Luiz de Araújo CORREIA LIMA, idealizador dos Órgãos de Formação dos Oficiais da Reserva |
No
dia 4 de novembro, o Exército Brasileiro comemora o dia do Oficial da Reserva
(R/2). A data, fixada pelo Comandante do Exército através da Portaria nº 429,
de 18 de julho de 2006, em atendimento a uma proposta do Conselho Nacional de
Oficiais R/2 do Brasil, reverencia o nascimento do Tenente-Coronel Correia
Lima, idealizador dos Órgãos de Formação de Oficiais da Reserva no país.
Nascido
em Porto Alegre, no ano de 1891, descendente de família de militares, Luiz de
Araújo Correia Lima foi aluno aplicado, figurando sempre entre os primeiros
classificados nos bancos escolares que frequentou, tendo cursado o Colégio
Militar de Porto Alegre e, posteriormente, o Curso de Artilharia da Escola
Militar do Realengo, onde viria a ser instrutor. Ao término da Primeira Guerra
Mundial, em 1918, uma das doutrinas emanadas pelos analistas militares, foi a
necessidade de Reservas Mobilizáveis a curto prazo, e compostas por elementos
com formação militar e capacidade de liderança, preparados para mobiliar os
claros de tenentes comandantes de frações de combate e apoio ao combate.
Surgiu, então, o atual modelo do Oficial da Reserva, com a criação, nos Estados
Unidos, em 1919, do Reserve Officers Training Corps. No Brasil, graças aos
esforços do então Capitão Correia Lima, foi instituído, em 22 de abril de 1927,
o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, Organização
Militar pioneira do nosso Sistema de Formação de Oficiais da Reserva, tendo o
Capitão como primeiro comandante. O Curso, inicialmente, tinha a duração de
três anos, o que perdurou até 1942, quando foi adaptado para dois anos. A
partir de 1966, o modelo evoluiu para um ano de formação. Correia Lima não
viveu para testemunhar a importância de sua obra. Servia como Major, promovido
por merecimento, em Curitiba, comandando o 1° Grupo do 9° Regimento de
Artilharia Montada, quando irrompeu a Revolução de 1930. Foi atacado de
surpresa em seu quartel, e assassinado no dia 5 de setembro daquele ano, sendo
promovido post-mortem a Tenente-Coronel, por ato de bravura. Veio a Segunda
Guerra Mundial, e com ela, a demonstração do acerto dos ideais de Correia Lima.
Dos 1070 Tenentes e Aspirantes da FEB, 433 eram R/2.
Quase a metade. Muitos
desses heróis, que há sessenta e cinco anos venceram um inimigo traiçoeiro,
encontram-se ainda entre nós, exibindo em seus cabelos brancos o orgulho da
missão cumprida e merecendo a gratidão e reverência eterna de toda a nação
brasileira. Dos doze Oficiais combatentes que deram suas vidas à Pátria, seis
eram R/2. Exatamente a metade. Deram ao Brasil o seu bem mais precioso. O
sacrifício desses heróis enobrece e dignifica a Nação e a Força Terrestre. Com
o fim da 2ª Guerra, o 1º Tenente R/2 Apollo Miguel Rezk foi o único militar não
americano, e único brasileiro, agraciado com a Distinguished-Service Cross,
considerada a mais importante condecoração de bravura do governo dos Estados
Unidos, e somente concedida a três combatentes na Campanha da Itália. Recebeu,
também, a Silver-Star e as quatro condecorações de guerra brasileiras. Nos dias
atuais, os CPOR’s e NPOR’s, seguindo modernas técnicas de ensino e com um corpo
de instrutores de elevado nível, preparam o jovem universitário, que em poucos
meses incorpora características desejáveis ao desempenho das funções de Oficial
do Exército Brasileiro. É assim que somos nós Oficiais R/2. Quando na ativa,
desempenhamos com eficácia nossas nobilitantes e apaixonantes atividades
militares, honrando com dedicação, seriedade, competência e profissionalismo a
farda, a espada e as estrelas que fomos capazes de um dia conquistar, e
cumprindo com abnegação e lealdade, o juramento que fizemos ao ingressar na
Força e alcançar o oficialato. E por isso, ao chegar a hora de deixarmos as
fileiras militares, não obstante nossos corações aos pedaços, o fazemos com a
alma limpa, saindo pela porta da frente com a consciência do dever cumprido e
de termos honrado à altura a responsabilidade que nos foi confiada. Já na
reserva, com a visão privilegiada e a cumplicidade generosa da dupla ligação
afetiva entre o segmento civil e militar, tendo testemunhado a nacionalidade em
toda a sua pujança, nos tornamos verdadeiros líderes civis extremamente
comprometidos com o futuro do Brasil. O retorno à caserna, como no dia de hoje,
além do lado afetivo, serve-nos para ‘remuniciarmos’ nosso arsenal cívico na
luta por melhores dias. Ao deixarmos os corpos-de-tropa, partimos para dar bons
frutos às sementes que a Instituição militar nos plantou. Alçamos voos a novos
horizontes, e nesses voos nos tornamos a voz civil do Exército na Sociedade,
unindo os valores do soldado aos ideais do cidadão. Despimo-nos apenas de
nossas fardas, mas não nos despimos desse contagiante espírito de luta, garra,
desprendimento, de moralidade e integridade de caráter, de amor aos sentimentos
nacionais, amor à pátria e de exaltação e respeito ao ser humano, enquanto
possuidor de valores inestimáveis... Este espírito militar torna-se parte de
nós, e felizmente, dele, nós nunca iremos ou conseguiremos nos despir... E para
resumir o sentimento do que é ser um Oficial R/2 do Exército Brasileiro,
permitam-nos encerrar com uma frase do Gen Octávio Costa, que tão bem traduz o
pensamento daqueles, que um dia, tiveram a honra de sentir o verde-oliva
circular em suas veias e o camuflado pulsar em seus corações:
“A
farda não é uma veste, que se despe com facilidade e até com indiferença... Mas
uma outra pele, que adere à própria alma, irreversivelmente para sempre!” Parabéns,
Oficiais R/2 do Brasil!
http://www.exalunoscporrecife.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1:dia-do-oficial-r2&catid=901:artigos-enviados&Itemid=67
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