A ONU entende que ao valorizar o empreendedorismo feminino, a sociedade contribui para a equidade de gêneros, reduzindo desigualdades históricas. Concomitantemente à agenda proposta pela entidade, o Sebrae em Mato Grosso do Sul atua, desde 2013, com ações focadas nas empreendedoras. O trabalho pioneiro resultou na criação do programa Sebrae Delas – Mulher de Negócios, hoje presente em 12 estados brasileiros.
Em MS, o primeiro ciclo do projeto formatado encerra neste mês, tendo acompanhado diretamente nos últimos dois anos 240 empreendedoras e impactado outras duas mil com soluções específicas em empreendedorismo feminino. O programa voltará em uma nova sequência em 2021, auxiliando empresárias no sucesso dos negócios e transformando realidades. Na visão da idealizadora do projeto, a diretora-técnica do Sebrae/MS, Maristela França, já é possível observar ganhos para o empreendedorismo feminino. “Percebemos hoje, através do projeto, empreendedoras mais preparadas na gestão para o mercado e para a relação com os clientes. É uma empreendedora que pesquisa, busca informações, trabalha em rede, conversa com outras empresárias até ter mais confiança de começar o seu negócio”, destaca. Apesar dos passos dados, ainda há desafios quando se trata de empreendedorismo feminino. Conforme o estudo Mulher Empreendedora MS, divulgado em março deste ano pelo Sebrae/MS e o Instituto de Pesquisa da Fecomércio/MS (IPF/MS), os principais citados pelas empresárias são as diversas atribuições das mulheres; a discriminação de sexo; a baixa confiança e crença em seu potencial; e a falta de apoio dos familiares.
Segundo a diretora-técnica Maristela França, também é importante mudar a mentalidade, aceitando que pode ter lucro. “Desafio posto é vender mais, negociar mais, atender mais cientes. A empreendedora está mais preparada, mas mercado é sempre um desafio. São resultados que podem melhorar mais, então estamos trabalhando essa linha de que nós podemos, precisamos e queremos ganhar mais dinheiro”.
Empreendedoras
inovam na pandemia
Se antes já existiam desafios a população feminina na hora de empreender, a pandemia trouxe inúmeros – para homens e mulheres. Contudo, foram percebidas diferenças na forma de lidar. A 4ª edição da pesquisa Impactos da Covid-19 no Comércio de MS, realizada pelo Sebrae e IPF/MS, em parceria com Sindivarejo Campo Grande, CDL Campo Grande e FCDL/MS, mostrou que no caso delas, houve mais inovação em comparação a eles. Enquanto 39% das mulheres intensificaram o uso de plataformas on-line para comercializar produtos ou serviços, 22% dos homens implementaram esta mudança durante a pandemia. Além disso, para 90% das empreendedoras, a alteração será mantida no pós-pandemia. O estudo também mostra que as mulheres tenderam a negociar mais valores, seja ofertando novas condições de pagamento, fornecendo descontos maiores ou renegociando dívidas anteriores. Em Mato Grosso do Sul, segundo a pesquisa, as donas de negócios são 42%. O projeto também apoiou as mulheres neste período. É o caso da empreendedora e fisioterapeuta Mayara Caceres Gonçalves, que possui um estúdio de pilates. No início do ano, o negócio estava crescendo: ela alugou e reformou um novo espaço, contratou mais uma funcionária e mudou para um prédio maior. Porém, com a pandemia, foi preciso fechar as portas em março. Ela reabriu o negócio em maio, mas durante o período sem aulas presenciais, foi preciso inovar. “Foi graças ao projeto do Sebrae que consegui ver uma luz no fim do túnel. Virei três dias sem dormir aprendendo a gravar e editar vídeos, carregar no YouTube para poder oferecer as aulas de maneira remota através das ferramentas sugeridas”, afirma a empreendedora. A empresária Carla Trentin, que possui um espaço voltado para qualidade de vida e coaching, viveu uma situação similar. “Estava num momento de transição, onde ampliei os serviços. Dentro desse cenário, chegou a pandemia e consegui adaptar a empresa de maneira eficiente.
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