Estabelecer um
governo republicano independente de Portugal, criar indústrias no país que
surgiria, uma universidade em Vila Rica e fazer de São João
del-Rei a capital. Seu primeiro presidente seria, durante três anos, Tomás
António Gonzaga, após o qual haveria eleições. Nessa república não haveria
exército – em vez disso, toda a população deveria usar armas, e formar uma
milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os
inconfidentes visavam a autonomia somente da província das Minas Gerais, e em
seus planos não estava prevista o direito de autonomia da população feminina.
JULGAMENTO E SENTENÇA
Negando a princípio sua participação,
Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir toda a responsabilidade pela
"inconfidência", inocentando seus companheiros. Presos, todos os
inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do processo. Alguns
foram condenados à morte e outros ao degredo; algumas horas depois, por carta
de clemência de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas para degredo, à
exceção apenas para Tiradentes, que continuou condenado à pena capital, porém
não por morte cruel como previam as Ordenações do Reino: Tiradentes foi
enforcado. Os réus foram sentenciados pelo crime de "lesa-majestade",
definida, pelas ordenações afonsinas e as Ordenações Filipinas, como traição
contra o rei. Crime este comparado à hanseníase pelas Ordenações Filipinas:
“Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei,
ou seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos
Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim como esta
enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e empece ainda
aos descendentes de quem a tem, e aos que ele conversam, pelo que é apartado da
comunicação da gente: assim o erro de traição condena o que a comete, e empece
e infama os que de sua linha descendem, posto que não tenham culpa.”
E assim, numa manhã de sábado, 21 de
abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do
Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o
patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de
força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença
estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à
rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa
local. Bóris Fausto aponta essa como uma
das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando
que todo esse espetáculo acabou por despertar a ira da população que presenciou
o evento, quando a intenção era, ao contrário, intimidar a população para que
não houvesse novas revoltas. Executado e esquartejado, com seu sangue se
lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados
infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um
poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os
demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de
Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do
Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete),
lugares onde fizera seus discursos revolucionários.
Arrasaram a casa em que
morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse. Atualmente, onde se encontrava sua prisão,
funcionou a Câmara dos Deputados na chamada "Cadeia
Velha", que foi demolida e no local foi erguido o Palácio
Tiradentes que funcionava como Câmara dos Deputados até a transferência da
capital federal para Brasília. No local onde foi enforcado ora se encontra a
Praça Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça
Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência.
Tiradentes é considerado atualmente Patrono Cívico do Brasil, sendo a data de
sua morte, 21 de abril, feriado nacional. Seu nome consta no Livro de Aço do
Panteão da Pátria e da Liberdade, sendo considerado Herói Nacional.
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