No
ano de 1994 a UNESCO proclamou o dia 5 de Outubro como o Dia Mundial do
Professor e desde esta data este dia é comemorado um pouco por todo o mundo. Em
Portugal estas celebrações ficaram sempre na penumbra talvez devido a este dia
ser ofuscado com a comemoração da Implantação da República em 1910. Talvez
agora – que a Implantação da República deixou de ser feriado nacional – seja
possível encontrar espaço para comemorar condignamente este Dia Mundial do
Professor. Faz-nos falta em Portugal esta comemoração. F
az-nos falta, em
Portugal relembrar e celebrar a profissão de professor e tornar presente a
decisiva importância que os professores têm nesta - já por si decisiva - área
social que é a Educação. Celebrar a dignidade e a importância de professor é
particularmente relevante nos dias que correm por muitas razões: Antes de mais
a profissão de professor tem agora, como tinha há anos atrás, um carater de
imprescindibilidade na Educação. Pode-se imaginar uma educação bem diferente da
atual, pode-se imaginar uma educação sem livros e até mesmo sem escola mas é
incompreensível uma educação que não inclua um mediador para o conhecimento,
sem uma presença humana inspiradora de superação e de ética, sem um tutor que
dê sentido ao que se sabe, ao que faz e ao que se é. O professor não é, pois,
descartável nem negligenciável em nenhum processo, sério e exigente de
Educação.
Um professor nunca será opcional; sempre será essencial. Apesar desta
importância reconhecida de imediato por todos os que já passaram por processos
de educação e de aprendizagem, a imagem social do professor tem vindo a ser
muito desgastada. Este desgaste tem várias causas e aspetos: a) o professor tem
sido colocado numa posição de subalternidade face até a outros profissionais
que atuam no campo educativo. Profissionais oriundos de áreas médicas,
paramédicas, ou do campo da psicologia entre outros, sentem-se autorizados a
dar instruções aos professores de como atuar. Muitos profissionais, mesmo que
só tenham estado na escola como alunos sentem-se legitimados para orientar
professores. É verdade que a complexidade da profissão de professor exige a
colaboração e articulação de muitos profissionais, repito uma colaboração e não
uma submissão. b) os professores são uma classe profissional que muitas vezes
se autofragiliza por não conseguir criar e manter ambientes de escola que se
sejam colaborativos, que tenham uma boa relação com as famílias e a comunidade
e que desenvolvam na escola verdadeiras “comunidades de aprendizagem”.
c) Acresce a estas razões o ataque arrogante
à Pedagogia confundindo a seriedade do que se trabalha, do que se sabe e do que
se investiga em Ciências da Educação com algumas opiniões circunscritas e
tendenciosas que tendem a “meter tudo no mesmo saco”. Estas opiniões são, elas
sim, a lídima expressão do tão popular “eduquês”. Com todas estas
circunstâncias adversas a imagem social do professor tem vindo assim a ser
associada a posições escolásticas, conservadoras, irreais e afastadas do que
interessa às sociedades, às famílias e aos alunos. No nosso país esta
degradação da imagem social do professor tem sido particularmente evidente e
mesmo encorajada por declarações e decisões tomadas por governantes que
deveriam ser os maiores defensores da missão e da profissão de ser professor. A
restrição de condições para que se possa realizar um trabalho de qualidade, o
corte de professores nas escolas, a diminuição drástica de apoios aos alunos
com dificuldades, a crescente normatividade do currículo, o encorajamento do
modelo de gestão escolar “top – down” dos agrupamentos e das escolas, o
empobrecimento das escolas, a desvalorização da formação de professores, são
algumas das muitas razões com que quotidianamente somos confrontados e que
tendem a ceifar o prestígio, a independência e a qualidade do trabalho do
professor.
Neste 5 de Outubro de 2014 queremos comemorar com toda a sociedade
portuguesa o Dia Mundial do Professor. O dia dos professores que, de formas tão
diferentes, foram decisivos para dizermos alguns dos “sins” e dos “nãos” que
nos fizeram ser as pessoas que somos. O dia dos professores que hoje, em
condições difíceis e desgastantes, procuram fazer das crianças e dos jovens
deste país os cidadãos daquele país que temos de continuar a sonhar. O dia dos
professores que apesar deste presente desencorajador continuam a ser os
artesãos do futuro, as pessoas que nunca se conformam com os que os seus alunos
são mas sempre os procuram acompanhar para se transcenderem, para serem
melhores.
As sociedades que não prezem e não valorizam os seus professores são
sociedades perdidas na premência do presente, na teia do seu imediatismo e sem
um visão confiante e serena no futuro. O futuro das nossas sociedades e das
nossas crianças e jovens está a ser preparado por muitas pessoas que planeiam
materiais, edifícios, serviços, infraestruturas, políticas, etc. Aos
professores cabe a parte do futuro que respeita às pessoas, cabe-lhes ser
construtores do futuro das pessoas. E é isso que eles fazem: constroem o futuro
com e para as pessoas comprometendo-se com o que elas são no presente e
dando-lhes o respeito que elas merecem qualquer que seja a sua idade.
A nós
professores, cabe-nos o compromisso com a melhor parte do mundo: as pessoas. E
trabalhamos com elas quando nelas mais forte palpita o sonho e o futuro.
https://www.publico.pt/2014/10/05/sociedade/opiniao/5-de-outubro--dia-mundial-do-professor-1671911
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http://dalvaday.blogspot.com.br/2016/10/2016-dia-internacional-dos-professores.html
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