O corte da cana
se dá em um retângulo, com 8,5 metros de largura, equivalente a 5 “ruas”
(linhas em que é plantada a cana) e um comprimento que varia conforme a
produtividade do trabalhador. Este retângulo é chamado eito; a distância medida
ao final do dia indica o ganho diário do trabalhador. Os metros lineares de
cana, multiplicados pelo valor da cana pesada na usina, dão o valor da diária a
receber. Estima-se que 6 toneladas de cana (considerando uma cana de primeiro
corte, de crescimento ereto) correspondem a um comprimento de 200 metros. O
trabalhador, além de cortar a cana contida neste retângulo de, deve cortar
também as pontas e transportar.
No Centro-Sul o utensílio de trabalho do cortador
de cana é o podão, espécie de machete de ponta chata, pesando cerca de meio
quilo, que o próprio trabalhador mantém afiado como uma navalha, graças à lima
que leva para o eito. A vestimenta precisa cobri-lo por inteiro, apesar do
calor, numa armadura para escapar das folhas de cana que cortam como facas.
Inclui botina com biqueira de aço, perneiras de couro até o joelho, calças de
brim, camisa de manga comprida com mangote de brim, luvas de raspa de couro,
lenço no rosto e pescoço e chapéu ou boné. Hoje, pode incluir óculos
protetores. No princípio de cada jornada, o supervisor da turma designa o eito
do cortador e este inicia o trabalho: começa a cotar pela linha central, sem
deixar linhas sem cortar (“deixar telefone”). Em sua rotina de trabalho, o
cortador abraça um feixe, de cinco e dez canas, curva-se e corta.
Os cortes são
bem rente ao chão (uma vantagem do corte manual sobre a colheitadeira), pois é
no pé da cana que se concentra a sacarose; mas não podem atingir a raiz para
não prejudicar a rebrota. Se a cana estiver “deitada” ou “acamada”, exigirá
mais cortes. A seguir, o trabalhador corta o “palmito” – a parte de cima das
canas, onde estão as folhas verdes, que são jogadas ao solo. Por fim,
transporta o feixe para a linha do meio (3ª linha) que dista 3 metros das
extremidades do eito. Depois começa tudo de novo. Um bom cortador de cana é
como um corredor fundista: não depende tanto da massa muscular, mas da
resistência, em uma atividade repetitiva e exaustiva, a céu aberto, sob o sol,
às vezes aguentando fuligem, poeira e fumaça, por um período que varia entre 8
a 12 horas. O dispêndio de energia do trabalhador, sob o sol, com esta
vestimenta, leva a suar abundantemente, perder muita água (em média, 8
litros/dia) e sais minerais. Isso produz desidratação e cãibras frequentes.
As
cãibras começam em geral nas mãos e pés, avançam pelas pernas e chegam no
tórax, o que provoca fortes dores e convulsões, dando a impressão de que um
ataque epilético. Para conter as cãibras e desidratação, algumas usinas
ministram aos trabalhadores soro fisiológico, e até suplementos energéticos.
http://www.amambainoticias.com.br/geral/16-de-janeiro-dia-do-cortador-de-cana-de-acucar
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